
O presidente Lula se reuniu na noite de domingo (13) em Brasília para detalhar a criação de um comitê do governo com empresários para discutir saídas diante do tarifaço imposto ao país por Donald Trump.
O objetivo do governo é organizar a resistência nacional contra o ataque estadunidense ao país. A constituição do comitê foi decidida em reunião no Palácio da Alvorada com ministros da área econômica, política e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
A formação do comitê é um passo a mais do governo Lula para demonstrar o esforço do país, envolvendo diferentes setores da sociedade na busca por soluções. O governo já lançou uma série de vídeos chamando a população a defender o Brasil.
A convocação do empresariado na resposta a Trump reforça a avaliação do presidente de que o tarifaço não é um problema de governo, mas uma questão nacional. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, que esteve na reunião, já deve se encontrar com empresários e trabalhadores já nesta segunda-feira (14).
A reunião no Alvorada contou com a presença, além do presidente e do vice e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; do ministro da Fazenda, Fernando Haddad; do titular da Agricultura, Carlos Fávaro; da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann; do ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira; além de Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Itamaraty, e Miriam Belchior, secretária-executiva da Casa Civil.
A presença de representantes de áreas estratégicas do governo na reunião evidencia a preocupação com os impactos econômicos e políticos da provocação americana. Os líderes das duas casas do Congresso Nacional já haviam se manifestado contra os ataques de Trump ao Brasil.
O envolvimento da família Bolsonaro e de governadores bolsonaristas em apoio ao ataque de Trump trouxe grande desgaste para a oposição. Bolsonaro chegou a repetir, ele próprio, no sábado, a chantagem feita por Trump contra o Brasil. Trump exigiu impunidade para os golpistas que estão sendo julgados no Brasil.
Lula comandou uma resposta firme e também pregou o diálogo como caminho para tentar reverter a taxação. A recomendação do presidente é que integrantes do governo procurem autoridades americanas para tratar do tema de forma técnica. A expectativa do Planalto é que o histórico de boa relação comercial entre os dois países possa ajudar a reverter a decisão.
O Brasil é um dos poucos países do mundo que têm déficit comercial com os Estados Unidos. Caso o caminho da negociação não prospere, o governo já tem preparado o decreto de reciprocidade tarifária, resultado da lei de reciprocidade aprovada este ano por ampla maioria no Congresso Nacional.
A chamada Lei da Reciprocidade, que permitiria aplicar tarifas equivalentes sobre produtos americanos, deve ser considerada apenas se os esforços de negociação não forem adiante. A previsão é que o governo deve publicar nesta semana o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica.
Segundo interlocutores, Lula teria reforçado que, neste momento, o foco segue sendo a tentativa de reversão da medida a partir do diálogo com os Estados Unidos.