“Não é por 3%, 2% ou 4% que a gente fica a vida inteira de greve”, disse ele. A presidente da Andifes, Márcia Abrahão, reitora da UnB, expressou as reivindicações dos servidores. Governo anunciou R$ 5,5 bilhões no “PAC Educação”
O presidente Lula se reuniu nesta segunda-feira (10), no Palácio do Planalto, com reitores de universidades e institutos federais. O governo preparou o anúncio de investimentos de R$ 5,5 bilhões nas instituições. Do lado de fora docentes e servidores protestavam pelo reajuste zero nos salários anunciado pelo governo para o ano de 2024.
ANDIFES COBRA
A presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), Márcia Abrahão, reitora da UnB, expressou no ato as reivindicações dos servidores. Ela destacou que os salários de professores e servidores estão “defasados” e disse esperar um acordo entre governo e sindicatos nesta semana.
“São trabalhadoras e trabalhadores essenciais para darmos conta de todos os desafios do país e que possuem remunerações muito defasadas, como o senhor [Lula] bem sabe, ainda mais quando comparamos com carreiras que tiveram reajuste recentemente. Há técnicos que chegam a ganhar menos de um salário mínimo. Esperamos que essa semana governo e sindicatos cheguem a situação negociada, pacificando a situação”, afirmou a reitora.
CONIF ESPERA ACORDO
O presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e reitor do Instituto Federal Goiano, Elias Monteiro fez um apelo para um acordo que encerre a greve. “Suplicamos para que avance nas negociações para o fim da greve. Movimento legítimo e justo mas que já gera reflexo com aumento da evasão escolar e prejuízo do cumprimento do calendário acadêmico”, afirmou.
Professores universitários estão em greve há mais de 50 dias, e os técnicos-administrativos há quase 90 dias. O presidente Lula sinalizou que manterá o que os professores estão chamando e “confisco salarial”, já que nem a inflação está sendo reposta.
TEMPO DE GREVE
Lula afirmou que a greve já está demorando demais e que não há motivo para isso. “A greve tem um tempo para começar e um tempo para terminar. A única coisa que não se pode permitir é que uma greve termine por inanição, porque as pessoas ficam desmoralizadas”, afirmou o presidente.
“Não é por 3%, 2% ou 4% que a gente fica a vida inteira de greve. Vamos ver os outros benefícios. Vocês já têm noção do que já foi oferecido? Conhecem o que foi oferecido? Conhecem? Porque no Brasil está cheio de dirigente sindical que é corajoso para decretar uma greve mas não tem coragem de acabar com a greve”, argumentou Lula.
Assista ao ato no Planalto
Presidente Lula se reúne com reitores de universidades e institutos federais https://t.co/jdyw5vPzd7
— Lula (@LulaOficial) June 10, 2024
“O dirigente sindical tem que ter coragem de propor, de negociar, mas tem que ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o ‘tudo ou nada’ que ele apregoou. Eu sou um dirigente sindical que nasceu no ‘tudo ou nada’, era ‘100% ou nada’, e muitas vezes eu fiquei com ‘nada’. E eu acho que nesse caso da educação, se vocês analisarem o conjunto da obra, vocês vão perceber que não há muita razão para essa greve estar durando o que está durando. Quem está perdendo não é o Lula, não é reitor, é o Brasil e os estudantes brasileiros”, acrescentou Lula.
PROJETOS ATRASADOS
Ele também reclamou da demora no andamento dos projetos anunciados pelo governo. “Nós anunciamos no ano passado os 100 Institutos Federais, nós acabamos de anunciar mas 10 campi universitários e eu cobro toda semana do Camilo [Santana], nós temos que começar a construir os institutos que nós anunciamos, se não tem terreno, vamos comprar o terreno, o que a gente não pode é anunciar e, um ano depois, não ter acontecido nada, com diversas desculpas. Não. Nós temos que fazer acontecer”, salientou o presidente.
R$ 5,5 BILHÕES PARA UNIVERSIDADES E IFs
Durante a reunião, o ministro da Educação, Camilo Santana, informou que serão R$ 5,5 bilhões em investimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para universidades e hospitais universitários. R$ 3,17 bilhões na consolidação de estruturas; R$ 600 milhões para expansão; R$ 1,75 bilhões para hospitais universitários.
A consolidação, conforme o ministro Camilo Santana, prevê investimento em sala de aula, laboratórios, auditórios bibliotecas, refeitórios, moradias, centros de convivência. Os recursos contemplam 223 novas obras, 20 em andamento e 95 retomadas.