
Em discurso Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o presidente reafirmou que “o Brasil hoje não pode ficar dependendo de um único país”
O presidente Lula afirmou na terça-feira (5), na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão), que “o Brasil hoje não pode ficar dependendo de um único país”. Ele disse que “o país quer negociar desde o Uruguai, Paraguai, Argentina, Equador e Bolívia à China, Rússia, Estados Unidos Índia, etc”.
Segundo Lula, o objetivo do governo é ampliar parcerias por todo o mundo para garantir o desenvolvimento do Brasil e o bem-estar de sua gente. “Nós queremos negociar, queremos vender, comprar. Nós queremos crescer, compartilhar as coisas neste mundo. Estamos cansados de ser um país de terceiro mundo, em vias de desenvolvimento”, enfatizou.
Ele saiu em defesa do PIX, sistema gratuito de transferência de recursos do Banco Central, e afirmou que Donald Trump deveria fazer uma experiência com a ferramenta nos Estados Unidos. “O PIX é patrimônio nacional e referência internacional de infraestrutura pública digital. E aqui, eu gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o PIX nos Estados Unidos”, prosseguiu o presidente.
Descontraído, Lula brincou e disse que Trump deveria fazer um PIX para pagar uma conta. “Ele iria ver que é uma coisa moderna”, afirmou. E aí, denunciou: “Qual é a preocupação deles? É que se o PIX tomar conta do mundo, os cartões de crédito irão desaparecer. E é isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil. Por isso, nós não podemos ser penalizados por desenvolver um sistema gratuito, como disse o companheiro Haddad, e eficiente”, destacou.
No documento de intromissão nos assuntos internos do Brasil, o governo norte-americano não cita especificamente o nome do sistema PIX, mas fala em “serviços de comércio digital e pagamento eletrônico”, inclusive o do governo. O PIX é o único sistema do governo para esse fim. “O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, diz o agressor.
Lula seguiu em suas críticas à decisão unilateral da Casa Branca e disse que ela fere a relação diplomática entre os dois países. “O presidente norte-americano não tinha o direito de anunciar as taxações como ele anunciou para o Brasil. Poderia ter pego o telefone, ligado para mim, para o Alckmin… Estaríamos aptos a conversar”, destacou Lula. Para ele, o gesto de Trump teve motivação política. “O pretexto da carta e da taxação não é nem político, é eleitoral”, declarou.
Lula também argumentou a necessidade de mais nacionalismo no Brasil. Para ele, o cenário atual é marcado por uma predominância de interesses mercantilistas e não nacionalistas. “Hoje tem pouco nacionalista no Brasil. Você não tem mais aqueles empresários nacionalistas, como você tinha nos anos 80, 70 e 60. […] Hoje tem mais mercantilista do que nacionalista. Então defender o Brasil de hoje ficou muito mais complicado”, avaliou.
O presidente voltou a criticar os traidores da pátria que, segundo ele, adotam uma postura submissa diante de potências estrangeiras. “Tem gente que acha que a gente é vira-lata. Tem gente que não gosta de se respeitar”, disse. “Ninguém me dá lição de negociação”, prosseguiu Lula. “Eu respeito todos. Eu duvido que alguém tenha sido tratado com desrespeito por mim, mesmo os que me xingam. A única coisa que eu quero é ser tratado com respeito. Esse país merece respeito”, concluiu o chefe do Executivo.