“Este cidadão deveria receber um prêmio Nobel ou um Oscar de decência e coragem porque denunciou ao planeta um país espionando outro país”, destacou o presidenciável
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou uma “pressão mundial” pela libertação do fundador da plataforma WikiLeaks, Julian Assange, preso desde 2019 em Londres, e que teve a extradição para os EUA autorizada pelo governo britânico nesta sexta-feira (17).
Lula defendeu a liberdade de Assange na mesma sexta-feira, durante um evento com apoiadores em Alagoas, ao lado do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin e de lideranças locais, como o governador Paulo Dantas (MDB) e o ex-governador Renan Filho (MDB).
“Assange está preso na Inglaterra. Se ele for para os EUA extraditado, certamente é prisão perpétua e ele morrerá na cadeia. Nós que estamos aqui falando de democracia precisaríamos perguntar: que crime o Assange cometeu?”, disse Lula. “Esse cidadão deveria estar recebendo um prêmio Nobel, esse cidadão deveria estar recebendo Oscar de decência e coragem porque denunciou ao planeta um país espionando outro país”, destacou.
“Era preciso que houvesse uma pressão mundial de todas as pessoas que são democratas, que acreditam na liberdade, um posicionamento público para que esse homem seja colocado em liberdade. Se alguém cometeu um crime foi quem em nome dos EUA estava espionando o planeta Terra, inclusive espionando a nossa Petrobrás, logo da descoberta do pré-sal”, afirmou.
“(É preciso) Falar a verdade, mostrar que os EUA, através de seu departamento de investigação, sei lá se da CIA, estava grampeando muitos países do mundo, inclusive a presidente Dilma Rousseff. Ele denunciou a falcatrua feita no país mais importante do planeta. Esse cidadão deveria estar recebendo o prêmio Nobel”, prossegui Lula. E completou: “Os EUA ainda tiveram a coragem de pedir desculpas a Angela Merkel mas não tiveram coragem ou não sentiram necessidade de pedir desculpas ao Brasil”.
Julian Assange ganhou notoriedade mundial a partir de 2010, quando o WikiLeaks publicou centenas de milhares de mensagens enviadas por pagers no dia 11 de setembro de 2001. Em novembro daquele ano, o WikiLeaks divulgou, com a ajuda de cinco jornais internacionais (The New York Times, The Guardian, Der Spiegel, Le Monde e El País), mais de 250 mil documentos secretos que revelavam crimes cometidos pelo governo americano, no episódio que depois foi batizado de “cablegate”.
Pouco a pouco, as revelações se tornaram cada vez mais graves, como quando publicou um vídeo em que soldados americanos invasores aparecem cometendo abusos de todos os tipos no Iraque. ele passou a ser perseguido pelo governo dos EUA e da Inglaterra. Lula enfatizou que o verdadeiro crime teria sido cometido pelas autoridades americanas e não por Assange, que deveria, segundo Lula, ser posto em liberdade.