“A sacanagem é para poder evitar que o governo volte a ser responsável por cuidar da energia que o povo tanto precisa”, disse o presidente. “Nós não vamos ficar quietos”, afirmou, em evento na Bahia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta quinta-feira (11), a privatização da Eletrobrás. “A Eletrobrás foi privatizada, me parece que por R$ 36 bilhões. Para que o governante queria o dinheiro? Para levar para o Tesouro para pagar juro da dívida interna dele. Hoje, não temos [a] estatal e ainda estamos devendo muito”, disse ele, defendendo a ação da Advocacia-Geral da União questionando pontos da privatização.
“Agora veja a sacanagem”, prosseguiu Lula, “e tem gente preocupada com o que eu falo. Mas o que eu falo é o que aconteceu”. “O governo tem 43% das ações da Eletrobrás, mas no conselho só tem direito a 1 voto”. “Os nossos quarenta por cento só vale 1 voto. Quem tem 3% tem o mesmo direito do governo. Então, nós entramos na Justiça para que o governo tenha a quantidade de votos de acordo com a quantidade de ações que ele tem”, afirmou o presidente.
Assista ao ato na Bahia
“A segunda sacanagem que fizeram é a seguinte, se o governo quiser comprar de volta a Eletrobrás, e tiver um cara lá qualquer que ofereceu 30 bilhões, sabe o que eles colocaram na lei? Que o governo brasileiro, para comprar, tem que pagar três vezes a oferta que foi feita pelo setor privado. Ou seja, é a sacanagem para poder evitar que o governo volte a ser responsável por cuidar da energia que o povo tanto precisa”, denunciou Lula.
“Então, nós estamos vendo como é que nós vamos fazer porque eles venderam a Eletrobrás, dizendo que ela era mal gerenciada e que ela estava desmoralizada. Sabe o que aconteceu? Os diretores da Eletrobrás aumentaram os seus salários de R$ 60 mil para R$ 360 mil”, denunciou o presidente.
“Isso porque eles diziam que iam moralizar”, ironizou Lula. “E o governo não pode indicar nenhum conselheiro, porque o conselho é indicado numa chapa. Como o governo não participa da direção, o governo não pode participar. E eles querem que a gente fique quieto. Nós não vamos ficar quietos. Nós vamos brigar muito por isso”, acrescentou.
“Não vamos vender mais nada da Petrobrás, os Correios não serão vendidos. Vamos tentar fazer com que a Petrobras possa ter a gasolina mais barata, o óleo diesel mais barato. Que a gente possa voltar a construir navios, que a gente possa voltar a fazer sonda, que a gente possa voltar a construir plataforma, que a gente possa recuperar o maior patrimônio que o povo já construiu”, sentenciou.
O presidente foi a Salvador para participar de um ato conjunto com o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), para lançamento do Brasil Participativo, plataforma digital que permitirá a participação da população nas decisões sobre como devem ser investidos os recursos federais. O evento também marcou a abertura do Plano Plurianual Participativo. O ato teve participação de centenas de pessoas, dentre sindicalistas, ativistas de movimentos sociais, prefeitos e deputados.