“Existe um jogo de interesses especulativos contra o real nesse país”, denunciou o chefe do Executivo, durante sua passagem pela Bahia. “O Banco Central não pode estar a serviço do sistema financeiro, ele é um banco do Estado”, acrescentou
O presidente Lula denunciou, nesta terça-feira (2), a especulação contra o real feita por operadores do mercado financeiro. “Existe um jogo de interesses especulativos contra o real nesse país”, denunciou o chefe do Executivo, em entrevista à Rádio Sociedade, na Bahia.
“O mundo não pode ser vítima de mentiras. A gente não pode inventar as crises. Vou te dar um exemplo: na semana passada eu dei uma entrevista no UOL. depois da entrevista, alguns especialistas começaram a dizer que o dólar tinha subido por conta da entrevista do Lula. E fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista. É um absurdo”, apontou Lula.
“Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação”, disse o presidente. “Tenho conversado com as pessoas o que a gente vai fazer. Eu estou voltando [a Brasília], quarta-feira vou ter uma reunião, porque não é normal o que está acontecendo”, afirmou o presidente.
Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central e sua política de juros altos. “O BC tem uma função, que é cuidar da política monetária desse país, de atingir a meta da inflação. E por isso nós acabamos de aprovar a meta de inflação de 3%. O que não dá é para você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político”, observou.
Lula defendeu a autonomia do BC mas criticou sua ligação ao mercado financeiro. “O Banco Central não pode estar a serviço do sistema financeiro, ele é um banco do Estado”, destacou.
“Efetivamente eu acho que ele [Campos Neto] tem um viés político. Mas eu não posso fazer nada, porque ele é presidente do Banco Central e tem mandato, foi eleito pelo Senado. Eu tenho que esperar e indicar alguém”, disse Lula em referência ao atual presidente do Banco Central, indicado por Jair Bolsonaro (PL).
Lula também falou sobre as pressões por cortes de gastos públicos e voltou a afirmar que não pretende fazer ajuste fiscal em cima da população mais pobre ou promover alterações na atual política do salário-mínimo.
“Muita gente fala que é preciso cuidar dos gastos públicos, e ninguém nesse país cuidou melhor do que eu. Ninguém nunca cuidou mais dos gastos públicos do que eu. O que eu não posso é aceitar a ideia de que ‘é preciso acabar com benefício de pobre, ‘esse Bolsa Família está custando muito caro, o salário-mínimo está custando muito caro, a política de investir em faculdade…”, ressaltou.
Pressionado por sua equipe econômica a fazer cortes em investimentos públicos e programas sociais, Lula disse que o governo vai “tentar encontrar soluções”. “Eu tenho dito para todo mundo – ainda nesses dias falei para o Haddad: você me apresenta os excessos de gastos. Porque se tiver excesso, se alguém estiver gastando alguma coisa que não seja necessária, se alguém estiver aplicando mal o dinheiro a gente para, porque eu não vou jogar dinheiro fora. Então nós vamos cuidar disso’, afirmou.