
Declaração foi dada durante evento no Mato Grosso, onde lançou o Programa Solo Vivo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em pronunciamento durante visita à cidade de Campo Verde (MT), onde lançou o Programa Solo Vivo, disse que “alguém está ganhando muito dinheiro” com o preço praticado, hoje, do botijão de gás de cozinha.
Manifestação no mesmo sentido o presidente havia dado em relação ao custo do ovo. Agora, em Mato Grosso, Lula voltou a manifestar preocupação com os preços praticados ao consumidor final de insumos básicos da alimentação dos brasileiros.
Sobre a alta no custo do botijão de gás, o presidente perguntou aos presentes quanto custava um botijão no estado. Uma mulher, então, respondeu que o valor é de R$ 120. Na sequência, o presidente emendou: “Alguém está ganhando muito dinheiro”, disse, para depois informar que o produto é vendido pela Petrobrás às empresas por R$ 37.
Exatamente isso: a Petrobrás informou, recentemente, com base em dados de 11 e 17 de maio, que a parcela retida pela estatal no preço do gás é de R$ 34,74, podendo chegar a R$ 37. O valor para distribuição e revenda é de R$ 56 e são cobrados, ainda, R$ 18,07 em ICMS — o preço médio, então, chega a R$ 108,81 no país.
Diante desse quadro claramente especulativo, Lula informou que famílias inscritas no Cadastro Único terão acesso mais barato ao botijão. A novidade, pelas palavras do presidente, será posta em prática ainda este mês. “As pessoas que vão estar no CadÚnico não vão precisar nem pagar. Vai ser aproximadamente 22 milhões de famílias, sabe, que vão ser beneficiadas porque as pessoas precisam. Tudo isso vai ser anunciado esse mês”, afirmou.
A inflação verificada nos preços de muitos dos alimentos básicos, estimulada pela ação especulação, o custo do dinheiro (juros altos praticados pelo Banco Central), entre outros fatores, tem sido uma das principais preocupações do presidente nesses últimos meses.
Além disso, as últimas pesquisas de opinião, invariavelmente, mostram que a carestia foi e tem sido uma das principais causas da queda na popularidade de Lula e do governo.
O fato é agravado, sobretudo, pela ausência de uma política de estoques reguladores, extinta desde o governo Temer, e ainda não resgatada pelo atual, embora tenha sido um dos principais compromissos de Lula na campanha eleitoral vitoriosa de 2022.
Com o objetivo de buscar alterar esse quadro preocupante, Lula declarou que irá ‘fazer política’ durante o mês de junho, quando pretende viajar pelo país. Recentemente, em um evento em Sorocaba-SP, o petista falou sobre o preço do ovo, observando que a população está sendo prejudicada.
Lula fez a promessa do gás de graça durante lançamento do Programa Solo Vivo, em Campo Verde (MT), neste sábado (24/5), acompanhado dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), em cerimônia que contou com a presença do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil).
PROGRAMA SOLO VIVO
O Programa Solo Vivo, lançado hoje por Lula, tem o objetivo de recuperar áreas degradadas destinadas à agricultura familiar mato-grossense. A iniciativa conta com investimento inicial do Governo Federal de R$ 42,8 milhões e busca melhorar a qualidade dos solos, aumentar a produtividade das lavouras, fortalecer a geração de renda e promover a permanência das famílias no campo.
Durante a cerimônia, também foram entregues máquinas agrícolas e retroescavadeiras – ação que integra o programa–, além de 78 títulos para assentamentos de reforma agrária. Durante discurso, o presidente Lula destacou que as entregas representam um passo importante para reduzir as desigualdades do campo, melhorando o acesso às tecnologias.
“Eu queria dizer para vocês o gesto que foi feito hoje aqui entregando essas máquinas para poder melhorar a capacidade produtiva de vocês e melhorar a qualidade da terra. O que essas máquinas vão provar é que não é que o pequeno agricultor é incompetente e o grande produtor é competente. É preciso acabar com essa falácia. O que o pequeno produtor não tem são as mesmas condições de comprar os equipamentos que tem o grande produtor”, afirmou o presidente
Para Lula, o programa é mais um passo para garantir mais igualdade e segurança alimentar. “Na hora que você permite que a tecnologia que os grandes usam chegue aos pequenos, os pequenos terão chance de produzir a mesma quantidade e com muito mais amor, porque não estão pensando só em vender, estão pensando em coisas para comer também. Isso é um dado diferente. Portanto, essa entrega de títulos e essa entrega de máquinas é um novo começo das coisas que vão acontecer no Brasil”, disse Lula.
“Hoje eu assumi o compromisso de voltar, depois da primeira colada (fase inicial da produção), nesses companheiros do Projeto Solo Vivo. Assim que chover, que começarem a brotar as coisas que eles plantaram, eu quero voltar aqui para tirar fotografia e mostrar o que acontecerá nesse país se a gente investir igualmente em todos”, completou Lula.
MELHORIAS — Para a agricultora Olivede de Alcântara, o Solo Vivo vai ajudar a agilizar a produção. “Esses solos aqui dessa região são todos muito carentes. Recuperando esse solo você vai ter mais possibilidade, maior plantio, melhor qualidade de produção. Poder trabalhar sem gastar tanto na hora do plantio. Você usa semente e uma calagem de adubo está bom porque a terra já está bem boa”, disse.
Na primeira etapa de implementação do programa, entre 800 e 1.000 famílias serão atendidas, em propriedades com média de 10 a 15 hectares cada, dentro de assentamentos.
O ministro Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) destacou que o programa representa uma nova visão da reforma agrária. Ele afirmou que, além da entrega de terras, a política de reforma agrária envolve apoio técnico, crédito, insumos agrícolas e acesso a mercados por meio de compras públicas. Como exemplo, citou o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra alimentos da agricultura familiar para escolas e outras instituições.
“O que está sendo feito aqui é um exemplo para a reforma agrária. Assentamento de reforma agrária está recebendo potássio, calcário, máquinas, mostrando que reforma agrária é terra, é crédito, assistência técnica, o IFMT na orientação sobre o solo e sobre o plantio, e é também acesso a mercados e compras públicas. Os assentamentos vendem para um programa importante de compras públicas que é o PAA”, afirmou o ministro.
Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, afirmou que o estado de Mato Grosso é responsável por grande parte da produção agrícola no país. Ele também ressaltou que a instituição já aprovou mais de R$ 29 bilhões em crédito para impulsionar diversos setores da economia local, com destaque para a agricultura e a agroindústria.
“Esse estado, para poder crescer e se desenvolver, precisa de crédito. Nós, no governo do presidente Lula, aprovamos para Mato Grosso R$ 29 bilhões de crédito para o desenvolvimento do estado. No primeiro trimestre deste ano, nós liberamos 1 bilhão e 768 milhões de reais. Isso significa 782% a mais que o Lula deu para o estado de Crédito Agrícola do que o governo anterior”, destacou.