O prefeito Eduardo Paes (PSD) decretou estado de emergência e pediu para a população permanecer em casa. Ele agradeceu o apoio federal para enfrentar a tragédia que já matou 11 pessoas e deixou milhares de desabrigados
O governo federal afirmou que dará “todo apoio necessário para a cidade do Rio de Janeiro” enfrentar as fortes chuvas que deixaram ao menos 11 mortes na capital fluminense na madrugada deste domingo (14). As fortes chuvas atingiram a Zona Norte do Rio e a região Metropolitana. O temporal alagou vias e afetou a operação de linhas de ônibus e do metrô. O Hospital Ronaldo Gazolla, na capital, teve o subsolo inundado e ficou sem energia.
A estação meteorológica de Anchieta atingiu o acumulado de 259,2 milímetros de chuva no período de 24 horas, o recorde em toda a série histórica do Sistema Alerta Rio (desde 1997) naquela estação meteorológica. Choveu em Anchieta aproximadamente 40% a mais do que a média histórica de janeiro naquela região: em apenas um dia choveu muito mais do que era esperado para o mês inteiro: 138,4% da média de janeiro.
Em nota, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) informou que vai dar todo o apoio necessário. “Estamos acompanhando de perto a situação do Rio de Janeiro e iremos fazer tudo o que for necessário para atender a população afetada”, destacou o ministro Waldez Góes. “Estamos prontos para enviar uma equipe da Defesa Civil Nacional para dar apoio no atendimento à população atingida e nos procedimentos necessários para a solicitação de recursos federais”, destacou.
Segundo o ministro Waldez Góes, o Governo Federal pode auxiliar com recursos para ações de assistência humanitária, como compra de alimentos e água potável, entre outros, e também para restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução de infraestrutura pública destruída ou danificada pelo desastre. “Não faltarão recursos federais para atendimento à cidade do Rio de Janeiro. Essa é uma determinação do presidente Lula para qualquer caso de desastre em nosso País”, afirmou Góes.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD-RJ), decretou situação de emergência no município em razão dos impactos e danos provocados pelas chuvas. No início da manhã ele pediu para que a população evitasse sair de casa. “Pedimos que a população, que possa, permaneça em casa. Porque o deslocamento atrapalha e cria dificuldades para ambulâncias e Corpo de Bombeiros chegaram nos pontos sensíveis. pedimos a compreensão de todos neste momento”, disse Paes.
Diversas vezes durante o dia o prefeito se dirigiu à população através da imprensa para dar orientações. “A gente teve uma situação muito crítica no limite do município com a Baixada Fluminense, uma região da cidade que está sofrendo mais. A gente pede que as pessoas colaborem. O Hospital Ronaldo Gazolla ficou sem energia. A situação é crítica ainda, mas os órgãos estão operando”, afirmou Eduardo Paes.
O decreto nº 53.879, publicado em edição extra do Diário Oficial deste domingo, autoriza a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem nas ações de respostas necessárias à redução dos efeitos causados pelas chuvas.
O prefeito também usou suas redes sociais para agradecer o apoio do presidente Lula, que mobilizou imediatamente o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que também se colocou a disposição para o que o Rio de Janeiro precisar.
O governador do estado Cláudio Castro está em viagem de férias em Orlando, nos EUA, e deixou seu substituto, Thiago Pampolha (MDB), para enfrentar a crise. Pampolha disse que o governador não precisará retornar e que eles estão em contato direto por telefone. No final do dia, temendo desgaste, Castro anunciou que iria suspender suas férias.
O governador interino afirmou que o estado está fazendo o cadastro de pessoas afetadas para receber um auxílio. “Eu liguei pessoalmente para o ministro das Cidades, Jader [Filho], falamos sobre a necessidade do estado do RJ, sobre a necessidade dos municípios que já decretaram a situação de emergência”, afirmou Pampolha.
O Centro de Operações Rio informou que a cidade permaneceu em estágio operacional número 4 – o segundo mais alto na escala de riscos. O estágio foi mantido até as 19h08 deste domingo. Em Niterói, o alerta foi máximo. Em Belford Roxo, na Baixada, o prefeito Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, também decretou situação de emergência pública no município, que conta atualmente com mais de 100 pessoas desalojadas instaladas em três abrigos provisórios.
A Defesa Civil registrou mais de 30 bolsões d’água nas vias principais da cidade, 15 pontos de alagamento e cinco quedas de árvores. A Avenida Brasil ficou alagada nos dois sentidos, na altura de Irajá, e foi interditada durante a madrugada. Ela foi reaberta por volta das 11h30. Apenas a pista central no sentido Centro ainda permanecia interditada para o trabalho das equipes municipais.
Por volta das 14h20, porém, a Rodovia Washington Luís ainda estava bloqueada por alagamentos em frente à Reduc, o que provocou um grande engarrafamento. Uma pista reversível foi aberta no sentido Juiz de Fora, em Duque de Caxias, operando entre o km 109 e km 114.
Uma mulher ainda está desaparecida em Belford Roxo, onde também há o registro de um morto. O carro em que ela estava teria sido arrastado para dentro do Rio Botas, na altura do bairro Andrade Araújo, na noite de sábado. O marido, que estava com ela dentro do carro, conseguiu escapar.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) falou sobre a tragédia e cobrou providências. “A chuva de mais de 9h ininterruptas castigou o Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense e outras regiões atingindo casas, avenidas, o transporte público e milhares de pessoas”, disse “A situação é muito difícil e precisa de resolução, com investimentos constantes para prevenir tragédias e tantos transtornos que alagamentos como esses trazem ao povo do estado do Rio de Janeiro. Muita chuva e cidades despreparadas estruturalmente. Não falta legislação, falta execução”, acrescentou.