Lula defendeu, em reunião do diretório nacional do PT, realizada na quinta-feira (21), em São Paulo, que o partido lance a candidatura da deputada Marília Arraes para a Prefeitura do Recife.
Disse também que o PT não fará alianças e lançará candidatos “em todas as cidades onde o partido avaliar que há boas condições ou bons nomes”. Lula enfatizou que “a prioridade são as candidaturas do PT”.
Ele já havia afirmado em entrevista à Folha de S. Paulo, dada em abril deste ano, quando ainda estava cumprindo pena em Curitiba, que “o PT é o único partido político que existe. O resto é sigla de interesses eleitorais”. Agora, depois que saiu da prisão, Lula insiste que “onde houver possibilidade de aliança, que elas sejam feitas, mas em um segundo turno”.
Sobre Pernambuco, ele já está praticando essa orientação de priorizar o PT em detrimento de possíveis aliados. Lula já havia defendido, em um jantar reservado no fim de semana passado, o nome da deputada Marília Arraes para a prefeitura do Recife.
Agora ele o fez na reunião do diretório. Segundo aliados de Marília, Lula citou textualmente o Recife e o nome de Marília Arraes na reunião do diretório nacional do PT. “A foto da deputada federal do PT aparece na tela da apresentação de Lula”, relatam os partidários da deputada.
A prefeitura da capital pernambucana é administrada pelo PSB, que tem feito articulações para lançar o deputado federal João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, para disputar o cargo. As orientações de Lula não estão levando nada disso em consideração.
As forças do campo popular procuravam um acordo envolvendo alianças nas disputas das prefeituras do Recife, Jaboatão e Olinda. A nova orientação exclusivista de Lula enfraquecerá as possibilidades de entendimento entre essas forças populares para as disputas de 2020.
O senador Humberto Costa (PT-PE) tentou minimizar o entendimento dos partidários da candidatura de Marília Arraes e, em entrevista ao Jornal do Commercio, negou que Lula tenha lançado a deputada, como afirmaram os apoiadores de Marília.
Humberto Costa, diferente de Lula, é um dos defensores da manutenção da aliança com o PSB nas eleições municipais do ano que vem. Ele foi reeleito senador na chapa do governador Paulo Câmara, após uma decisão do Diretório Nacional do PT para retirar a candidatura de Marília Arraes.
De acordo com alguns militantes petistas, na hora em que Lula falou textualmente o nome de Marília Arraes, citando o Recife, como um desses casos onde a candidatura é avaliada como prioridade pela direção, houve uma movimentação grande entre os delegados com direito a “agora vai”, “segura essa, HC”, numa referência ao senador.
Alguns setores do PT achavam que Lula, com o correr do tempo, moderaria o discurso hegemonista e anti-frente que ele está fazendo. Discurso este que ele tem ressaltado depois que saiu da prisão. No entanto, não é nesta direção que ele está caminhando.
Ele tem reforçado, em todas as oportunidades que aparecem, a orientação para o PT lançar candidatos em todos os lugares. Esta posição vem sendo defendida enfaticamente por ele, e assim ocorreu também na reunião de quinta-feira do diretório nacional.