A decisão de Lula de se recompor com os políticos que derrubaram Dilma, e que, por isso, eram chamados pelos integrantes do PT de “golpistas”, caiu como uma bomba no partido. Ele tentou se explicar, ainda durante a caravana pelo Nordeste, depois das cobranças por aparecer junto com Renan num comício. Em entrevista, feita na ocasião, Lula justificou os conchavos com os “golpistas” porque, segundo ele, “quem tem voto é a direita”. “Não adianta o cara ser muito bom, de esquerda, mas não ter voto”, explicou.
“Eu tenho que construir uma maioria para governar. E, para isso, eu tenho que me entender com quem tem voto. E a esquerda não tem voto”, insistiu o petista. “Não adianta eu discutir com o suplente, eu tenho que me entender com quem tem voto”, acrescentou Lula, numa explicação, não só para o “perdão aos golpistas”, anunciado por ele, mas também para justificar o apoio dado antes a figuras como Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Renan, Jucá e outros. A entrevista de 25 de agosto, que havia passado desapercebida, voltou a ser divulgada agora nas redes sociais, porque ela é esclarecedora sobre as verdadeiras intenções de Lula, caso ele venha a escapar da prisão.
“O movimento sindical não tem força. Não elege deputados. Quem tem força são os empresários. O Movimento dos Sem Terra, por exemplo, é muito bom, muito importante, mas tem apenas três deputados. A bancada rural tem muitos parlamentares, vários deles nem se dizem fazendeiros, são advogados, engenheiros, empresários, etc. O trabalhador não vota em trabalhador. Mulher não vota em mulher, muito menos em mulheres progressistas. Eu pensava que era assim mas não é”, disse Lula, para justificar a sua confraternização com a direita.