
Divulgação será na terça. Haddad denunciou que a extrema-direita bolsonarista agiu em Washington para impedir negociações com Scott Bessen. “Uma ação contrária aos interesses do Brasil”, disse
O presidente Lula e o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, acertaram, nesta segunda-feira (11), os últimos detalhes do plano de defesa das empresas e empregos atingidos pela sobretaxação de 50% imposta unilateralmente pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros exportados para o país.
SOCORRO MAIS PRECISO
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o plano de contingência deve sair até terça-feira (12). Segundo ele, haverá uma “régua” para considerar a variação de exportações dentro de um mesmo setor, para tornar o socorro mais preciso. O vice-presidente afirmou que será instituído um parâmetro para avaliar os efeitos das tarifas sobre cada setor da economia, baseado no grau de exportações para os Estados Unidos.
“Há setores em que mais de 90% [da produção] vai para o mercado interno, com exportações de 5%, no máximo 10%. E tem setores em que metade do que se produz é para exportar. E tem setores que exportam mais da metade para os Estados Unidos. Então, foram muito expostos, estão muito expostos”, declarou. No longo prazo haverá um grande esforço para a diversificação das vendas brasileiras.
“Ele [o plano de contingência] foi apresentado ao presidente Lula, que terminou ontem tarde da noite o trabalho [de leitura]. O presidente vai bater o martelo e aí vai ser anunciado, provavelmente na terça-feira”, disse Alckmin ao conceder entrevista na quinta-feira (8) no estacionamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
GOVERNO VAI COMPRAR
O plano prevê medidas de concessão de crédito para as empresas mais impactadas e aumento das compras governamentais. Mais cedo, em, entrevista à Globo News, o ministro da Fazenda Fernando Haddad adiantou algumas diretrizes. Ele afirmou que a Medida Provisória (MP) criada pelo governo Lula em resposta ao tarifaço de Trump prevê três linhas de atuação junto às empresas brasileiras: “financiamento, compras públicas e uma parte que envolve análise de impostos”. Ele disse que “haverá critérios de manutenção de empregos, mas com flexibilidade”. Segundo ele, há setores que foram tão afetados que não poderão dar essa garantia.
Além do socorro aos exportadores, o governo trabalha para ampliar os setores fora do tarifaço de Trump. Cerca de 700 produtos do Brasil não foram afetados e continuam a pagar 10% de tarifa. Entre eles estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes. Alckmin lidera as negociações com as autoridades estadunidenses e também o diálogo com o setor produtivo nacional.
SABOTAGEM DA EXTREMA-DIREITA
Fernando Haddad denunciou que uma reunião que estava prevista para a próxima quarta-feira (13) entre ele e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para discutir o tarifaço foi cancelada por ação de “forças de extrema direita” que atuam nos Estados Unidos. “A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca teve conhecimento da minha fala, agiu junto a alguns assessores, e a reunião virtual que seria na quarta-feira foi desmarcada”, informou disse Haddad.
Segundo Haddad, o trabalho de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil é um crime que precisa ser punido. Ele informou que poucos dias depois que ele anunciou seu encontro com Bessent, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) falou publicamente que inibiria qualquer contato entre os governos brasileiro e americano.
“Eduardo publicamente deu uma entrevista [dizendo] que ia procurar inibir esse tipo de contato entre os dois governos. E, depois disso, aconteceu o episódio [do cancelamento da reunião]. Depois da entrevista dele, de que agiria contra os interesses do país, não há como não relacionar uma coisa à outra. Não há coincidência nesse tipo de coisa”, disse Haddad, destacando a ação contrária aos interesses nacionais da família Bolsonaro.
Ao ser perguntado sobre a opinião de Tarcísio de Freitas de que Lula deveria ter telefonado para Trump, Haddad disse que, no mínimo, é ingenuidade do governador. “A afirmação do governador é no mínimo um pouco ingênua. Talvez uma pessoa que ainda não tenha traquejo das Relações Internacionais. Não funciona assim. Quando dois chefes de Estado se falam, existe preparação, prévia para que a reunião, o telefonema (…) resulte na melhor condição de negociação para os dois países”, disse o ministro.