
Assim como o Brasil, o México também é alvo da guerra tarifária do ditador americano. Em apenas um ano, as exportações de carne do Brasil para o México cresceram mais de 800%
Com a proximidade do prazo final dado por Donald Trump ao Brasil, em sua chantagem contra o país, o presidente Lula já desenvolve articulações internacionais com vistas a ampliar as relações comerciais com outros países. Nesta quarta-feira (23) ele telefonou para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, para discutir a intensificação das relações comerciais entre as duas maiores economias latino-americanas.
Os dois presidentes conversaram também sobre a importância de alguns setores da indústria, como: a farmacêutica, a agropecuária e a aeroespacial, como estratégicos na relação bilateral. Ficou acertada também uma visita ao México do vice-presidente, Geraldo Alckmin, no final de agosto. Alckmin levará uma comitiva de empresários e ministros brasileiros. O vice-presidente tem sido o principal interlocutor com empresários para organizar a defesa do país contra o tarifaço de Donald Trump.
O ditador norte-americano, que está em guerra comercial com praticamente o mundo todo, anunciou em 9 de julho um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. A medida tem previsão de entrar em vigor a partir de 1º de agosto. O chefe da Casa Branca já havia sobretaxado o aço e o alumínio brasileiros. O México também é alvo da guerra tarifária de Trump. No último dia 12, Trump anunciou uma tarifa de 30% sobre importações mexicanas e da União Europeia.
Assim como o presidente Lula, Claudia Sheinbaum também recebeu uma carta informal do ocupante da Casa Branca, onde ele desrespeitou os mexicanos e afirmou que a taxação era motivada pela incapacidade do país em deter a entrada de “cartéis” através da fronteira entre as nações. Em resposta, Sheinbaum afirmou que o México estava fazendo a sua parte na fiscalização da fronteira entre os países. Ela também afirmou que os mexicanos não vão se render à “subordinação” de Trump. A carta ao presidente Lula chantageou o Brasil em defesa da impunidade de réus julgados por tentativa de golpe de Estado.
De acordo com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), as trocas comerciais entre Brasil e México, as duas maiores economias latino-americanas, somaram mais de US$ 13,5 bilhões no ano passado, com superávit para o Brasil. Principalmente por causa da soja, carne de frango, café; mas também de veículos, motores e equipamentos de engenharia. Recentemente, o mercado mexicano se abriu para a carne bovina brasileira. Em apenas um ano, as exportações cresceram mais de 800%.
O Brasil preside hoje o BRICS, conjunto de países que, juntos formam 40% do PIB mundial e abarcam metade da população do planeta. Na América Latina, a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) promove a integração de uma grande comunidade de países. Recentemente, o Brasil foi convidado a participar da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), um dos principais blocos econômicos do mundo.
Neste sentido, as ameaças tarifárias de Trump contra o Brasil devem ser respondidas com a ampliação e diversificação cada vez maior das relações econômicas do país. Este é o caminho que está sendo seguido pelo presidente Lula ao intensificar as relações com o México. Outras medidas deverão ser tomadas internamente para apoiar os setores mais atingidos pelo ataque unilateral dos EUA. O objetivo é minimizar os estragos de curto prazo para garantir tempo para as mudanças de maior fôlego.