“Graças a Deus não deu certo e a Embraer está aqui outra vez”, disse Lula. Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, repudiou “a atitude predatória da Boeing contra uma empresa brasileira”
O presidente Lula criticou, em evento na sexta-feira (19), a tentativa de venda da Embraer para a americana Boeing e condenou a postura favorável do antigo governo de Jair Bolsonaro à desnacionalização da empresa brasileira fabricante de aviões.
“Eu fiquei imaginando, como é que pode um país que tem uma empresa da magnitude da Embraer, com engenharia formada e preparada aqui, achar que é só vender, que tudo vai melhorar. Até quando a sociedade brasileira vai acreditar nessas coisas?”, falou o presidente Lula.
“Eu fiquei muito triste quando eu acompanhava pela imprensa que o governo estava facilitando a venda da Embraer para a Boeing e que a Embraer ia ficar com menos gente aqui e que a Boeing ia produzir o avião”, continuou.
“Graças a Deus não deu certo e a Embraer está aqui outra vez”, disse.
A Embraer e a Boeing anunciaram, em 2018, um acordo de joint venture na qual a empresa brasileira teria participação de 20% e com possibilidade de vender sua parte a qualquer momento.
Em 2019, Jair Bolsonaro anunciou que não iria vetar a venda da Embraer, mesmo podendo fazê-lo. No ano seguinte, a Boeing, por suas dificuldades financeiras, desistiu do acordo.
Lula participou de um evento para a assinatura de um contrato de financiamento de R$ 4,5 bilhões do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da venda de aviões da Embraer para a empresa norte-americana American Airlines.
O presidente BNDES, Aloizio Mercadante, apontou que a postura do governo de Jair Bolsonaro foi fundamental para que o péssimo acordo tivesse sido celebrado.
“Se o presidente [Jair Bolsonaro] não estivesse andando de jet ski, [mas] olhando mais para o Brasil, para a produção, para a indústria, como faz o presidente Lula, isso nunca teria acontecido”, sentenciou.
Ele ainda ressaltou a importância dos engenheiros brasileiros para construir “o que a Embraer é hoje”. Esses engenheiros hoje são aliciados e capturados pela Boeing.
“Esses engenheiros foram formados com o dinheiro do povo brasileiro. O ITA [Instituto Tecnológico de Aeronáutica] é uma instituição pública que vem do imposto que o povo pagou, um esforço de décadas e décadas”.
“A Justiça brasileira precisa tomar uma posição sobre essa matéria, o Congresso também, porque convidar talentos de outros países faz parte do comércio internacional, mas ficar numa atitude predatória contra uma empresa brasileira é inaceitável”, continuou.