
Previsão é que mais de 38 mil novos empregos diretos e indiretos serão gerados, segundo a Petrobrás. Lula falou ainda dos conflitos com o Congresso e de projetos para melhorar a vida do povo
Com aporte de R$ 33 bilhões, os projetos celebrados no evento, da sexta-feira (4), visam o aumento da produção, com foco em produtos renováveis, e o ganho de eficiência energética nas plantas do Estado. A previsão é que mais de 38 mil empregos diretos e indiretos serão gerados, segundo a Petrobrás.
O anúncio foi feito, em Duque de Caxias (RJ), durante cerimônia de divulgação de investimentos da Petrobrás em refino e petroquímica.
Lula citou a redução da cotação do dólar para R$ 5,40, e disse ainda que o Brasil passa por fase de crescimento econômico e mencionou a taxa de inflação de 5%.
Além do presidente, estavam presentes no evento o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, além de outras autoridades.
PREÇO DA GASOLINA
No evento, Lula defendeu ainda que órgãos públicos e os ligados à defesa do consumidor fiscalizem o preço de combustíveis vendidos pelos postos.
“Quero chamar a atenção dos Procons estaduais, do Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] e da Polícia Federal. É preciso que esses órgãos que têm a função de fiscalizar não permitam que nenhum posto de gasolina deste País venda gasolina mais cara do que aquilo que é o preço que tem que vender, e muito menos óleo diesel”, afirmou.
O presidente afirmou também que o “óleo diesel e gasolina estão mais baratos” do que quando entrou na Presidência em 2023. “Se pode estar muito cara, está igual. Se levar a inflação desse período, vamos mostrar que, quando a Petrobrás baixa [os preços], muitos postos de gasolina não reduzem. Estavam me falando que em Brasília há um posto que aumentou R$ 0,50. Não é possível”, disse.
Lula afirmou ainda que há muitos postos de gasolina que não têm repassado os descontos em combustíveis. “Não é possível que a Petrobrás anuncie tanto desconto no óleo diesel e não chegue ao consumidor”, ponderou.
JUDICIALIZAÇÃO DO IOF
Em meio à crise ocasionada pela judicialização do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), após o Congresso derrubar o aumento do imposto, o presidente Lula (PT), afirmou ser muito “agradecido” pela relação que tem com o Congresso.
Segundo ele, ter divergências com o Legislativo é algo positivo, porque o governo pode sentar-se à mesa e resolver os problemas.
“Sou grato ao Congresso Nacional. Quando tem uma divergência, é bom. A gente senta à mesa, vai conversar e resolver. O governo pensa uma coisa, o Congresso está pensando outra. A gente vai resolver isso em uma mesa de negociação. Eu não quero nervosismo”, disse Lula.
IDA AO STF
O conflito entre o Planalto e o Congresso foi escancarado pela crise do aumento do IOF. No entanto, o que surpreendeu Lula, foi a Câmara e o Senado terem derrubado o decreto presidencial a toque de caixa e o Executivo resolveu recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir a vigência da medida governamental.
Ao comentar sobre a crise política, Lula disse que membros do Legislativo estão pensando nas eleições de 2026. O presidente afirmou que, se tudo correr como ele idealiza, ele deve ser o primeiro presidente eleito 4 vezes na história da República.
“Tem gente que pensa que o governo já acabou, tem gente que já está pensando em eleição. Eles não sabem o que eu estou pensando. Se preparem porque, se tudo tiver como estou pensando, esse País vai ter, pela primeira vez, um presidente eleito 4 vezes pelos braços do povo”, afirmou.
“PAÍS DE CLASSE MÉDIA”
O presidente afirmou que a intenção do governo não é que a população fique dependente de programas e benefícios sociais/assistenciais como o Bolsa Família e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), mas tornar o Brasil país de classe média.
“É possível que façamos deste País um país de classe média. Não queremos que a sociedade brasileira fique dependente de Bolsa Família, de BPC. Queremos que as pessoas dependam da sua capacidade de trabalho”, declarou.
O presidente disse que, para isso, é necessário investimento em educação e na geração de empregos e citou o trabalho dele, quando era torneiro mecânico.
ISENÇÃO DE IR
Ele também voltou a defender o projeto que aumenta a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e disse que “as pessoas não querem ceder”.
“Decidimos que 141 mil pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão paguem um pouco mais. Não é justo. Não tiramos de ninguém que ganha nada. Estamos tirando de quem ganha mais de R$ 1 milhão, uma merreca deles”, enfatizou.
O presidente disse que a intenção inicial era que a isenção fosse para até 5 salários mínimos — em valores atuais R$ 7.590 — e que há muita resistência à proposta, que tramita na Câmara dos Deputados. “É duro é que as pessoas não querem ceder. Quem tem privilégio não quer abrir mão do privilégio”, asseverou.
SELIC ÚNICO “NÚMERO NEGATIVO”
No evento, Lula também voltou a criticar a taxa de juros no Brasil. Segundo ele, a Selic, atualmente em 15%, é o único “número negativo” no governo chefiado por ele.
“O Brasil está vivendo um momento seguro, um momento, senão, extraordinário, de muita certeza e de muita garantia. Não tem um número negativo neste País a não ser a taxa de juros da Selic, que não depende de nós, porque o Banco Central tem autonomia”, declarou.
Sem citar o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Lula disse que o mandato dele herdou uma “febre”. “Herdamos uma pessoa com uma febre muito alta, e para curar essa febre leva um tempo. Mas podem ficar certos que os juros também vão entrar”, prometeu.