Só nos últimos 12 meses o Tesouro Nacional foi sangrado em R$ 776 bilhões, desviados para pagar os juros escandalosos do BC
O presidente Lula ironizou, neste sábado (15), o jantar que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ofereceu ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Quem foi à festa deve estar ganhando dinheiro com a taxa de juros”, provocou o presidente, numa referência à manutenção da maior taxa de juro real do mundo, por Campos Neto, em confronto com os interesses do país, da produção e dos consumidores.
Estas taxas escandalosas já garantiram aos endinheirados e especuladores, só de juros nos últimos 12 meses, R$ 776 bilhões, que foram desviados do Orçamento da União para os bancos e agiotas. Este valor é maior do que as verbas para Saúde, Educação e Assistência Social somadas.
“Ninguém fala da taxa de juros de 10,25% em um país de inflação a 4%. Pelo contrário, se faz uma festa para o presidente do Banco Central, em São Paulo. Normalmente, quem foi à festa deve estar ganhando dinheiro com a taxa de juros”, declarou o chefe do Executivo durante entrevista para jornalistas em Carovigno, na Itália. Embora o presidente tenha citado um percentual de 10,25%, na realidade hoje a taxa Selic está em 10,50% ao ano.
Agora, esses mesmo bancos iniciaram uma cruzada contra o povo, e parte do governo já fala em cortes de gastos públicos para “equilibrar” as contas. Pura hipocrisia de ambos. O verdadeiro desequilíbrio das contas públicas está na despesa bilionária com os juros. Mas, sobre isso, não dizem uma palavra. É a única despesa do governo que é feita sem nenhum controle e sem nenhum limite. Essa “roubalheira” é intocável para essa gente.
Falam em corte de gastos na Saúde e Educação mas não tocam nesta quantia bilionária desviada para os juros. Querem cortar direitos sociais de milhões de pessoas para destinar verdadeiras fortunas para uma parcela minúscula da população. A proposta dos bancos, e ventilada pela equipe econômica do governo, pretende cortar verbas da Saúde, da Educação, da Previdência e dos investimentos públicos para continuar alimentando a ciranda financeira, que não produz nem um prego sequer.
Falam em acabar com os pisos constitucionais da Saúde e Educação, que foram conquistas históricas obtidas na Constituinte de 88 e que garantem que esses direitos humanos fundamentais não sejam vilipendiados com cortes de verbas, como ocorreram nos governos Temer e Bolsonaro. E ainda pretendem desvincular os benefícios da Previdência do salário mínimo. Ou seja, mais arrocho sobre os aposentados.