Presidentes da Câmara e Senado compõem a delegação. Chegada em Pequim será dia 28 de março, quando Lula se reúne com o presidente chinês, Xi Jinping. Peso da delegação mostra importância da parceria entre os dois países. Brasil deixa claro que não haverá opção entre EUA e China
O presidente Lula embarca para a China no próximo dia 26 de março para um encontro com o presidente chinês, Xi Jinping. O tamanho da delegação brasileira, composta de ministros, mais de 200 empresários e duas dezenas de parlamentares, mostra bem a importância que o Palácio do Planalto está dando para as relações com o seu principal parceiro comercial. Cooperação na área de Ciência e Tecnologia é também um dos objetivos centras e estratégicos do Brasil com o país asiático.
Além do Itamaraty, lideram a montagem da comitiva – e a distribuição de vagas -, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, pela Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; o ministro Alexandre Padilha, pela Secretaria de Relações Institucionais/Conselho de Desenvolvimento, Econômico e Social e Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, é uma das integrantes da comitiva que acompanhará o presidente Lula e debaterá, entre outros assunto, a fabricação de um satélite em cooperação entre o governo brasileiro e o governo da China. Marina Silva (Meio Ambiente), além de membros do alto escalão dos ministérios de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e da Saúde também estarão na delegação.
Vinte deputados e sete senadores estão confirmados. Entre os convidados estão o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) e o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). No avião presidencial, devem embarcar também a ex-presidente Dilma Rousseff, que deverá assumir a presidência do Banco dos BRICS, e o ministro da Economia, Fernando Haddad. O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, também irá na viagem, mas não está definido se irá no avião da FAB porque há a possibilidade de que o chanceler embarque alguns dias antes.
O Palácio do Planalto comunicou na quarta-feira (15) à Câmara dos Deputados a lista de 20 parlamentares que vão integrar a comitiva brasileira na viagem China. Dos 20 deputados convidados são quatro do PT, três do PP, dois do MDB, dois do PCdoB, dois do PSD, um do Avante, um do Cidadania, um do Patriota, um do PDT, um do Podemos, um do PSDB e um da Rede. Além do presidente do Senado, fazem parte da delegação Renan Calheiros – MDB/AL – Presidente da Comissão Relações Exteriores; Jaques Wagner – PT/BA; Jussara Lima – PSD/PI; Eliziane Gama – PSD/MA; Randolfe Rodrigues – Rede/AP – Líder do Governo no Congresso e Vanderlan Cardoso – PSD/GO – Presidente da Comissão de Assuntos Econômicos.
Na lista de deputados, além de Arthur Lira, viajarão Fausto Pinato (PP-SP) – presidente da Frente Parlamentar Brasil-China e a a Frente Parlamentar Brics; Carlos Zarattini (PT-SP) – vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China; Vander Loubet (PT-MS) – vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China; Luiz Fernando Faria (PSD-MG) – vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China; Gutemberg Reis (MDB-RJ) – vice-Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China; Zeca Dirceu (PT-PR) – líder do PT na Câmara; Daniel Almeida (PC do B-BA) – vice-líder do Governo no Congresso; Eduardo da Fonte (PP-PE); Júlio César (PSD-PI); Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP); Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) – líder do MDB; José Guimarães (PT-CE) – líder do governo na Câmara; Alex Manente (SP) – líder do Cidadania; André Figueiredo (CE) – líder do PDT; Fábio Macedo (MA) – líder do Podemos; Fred Costa (MG) – líder do Patriota; Jandira Feghali (RJ) – líder do PC do B; Luís Tibé (MG) – líder do Avante e Túlio Gadêlha (Rede-PE).
Também devem fazer parte da comitiva o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e o ex-ministro Celso Amorim, hoje assessor especial do Palácio do Planalto. A lista inclui o presidente da Apex, Jorge Viana, que além de organizar a viagem, fará parte dela. Aliás, o tamanho da delegação que visitará o gigante da Ásia mostra a importância que é dada pelo governo à parceria entre os dois países. No total, serão mais de 200 pessoas, distribuídas entre representantes do governo federal, do Congresso e do setor privado.
A delegação do presidente Lula terá um tempo bem maior do que teve em Washington para as conversas com o governo chinês. Serão três dias de discussões com as autoridades do país sobre diversos temas. A chegada de Lula em Pequim está prevista para o dia 28 de março, quando deve se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping. Depois, no dia 30, Lula deve ir a Xangai, onde se reúne com empresários e deve participar da troca de comando no banco dos BRICS. A ex-presidente Dilma Rousseff deve assumir a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) no fim deste mês.
O recado de Lula ao mundo é que o Brasil saberá defender seus interesses nacionais, sem ser “caudatário” de ninguém. Não haverá opção entre EUA e China, nem entre Europa e Ásia. O que vai ditar a política internacional brasileira são os benefícios para o país e sua população. Essa postura favorece a China, construindo uma relação de ganha-ganha. Afinal, a segunda maior economia do mundo é vista cada vez mais como uma ameaça à hegemonia econômica dos EUA. Em crise, a Casa Branca está escalando a tensão geopolítica global e tentando criar um bloco “anti-China”.
Na pauta Brasil/China estão as amplas possibilidades de parceria econômica entre os dois países. Os assuntos não ficarão apenas em setores ligados ao agronegócio brasileiro, que tem forte presença na economia chinesa. É objetivo do Brasil ampliar o compartilhamento nas áreas de conhecimento científico e tecnológico em diversos setores. As áreas de energia renovável, infraestrutura e setores manufatureiros também devem ser tratados. Projetos concretos, como o lançamento conjunto de satélites e a abertura de uma fábrica automotiva na Bahia, também serão debatidos.
Temas globais, como a guerra da Otan contra a Rússia, também deverão estar na pauta. Mas, o que se conclui da importância dada a esta viagem pelo governo brasileiro é que o país vai em busca não só da ampliação de seus laços comerciais com a China, mas na direção de um parceiro estratégico para o projeto nacional de reindustrialização e de integração com seus vizinhos sul-americanos. Neste aspecto também, a viagem atual à Ásia se diferencia da visita aos Estados Unidos, onde o Brasil saiu apenas com uma promessa de R$ 50 milhões para o Fundo Amazônia.