Na quarta-feira, em Maricá, Lula declarou que “a Lava Jato não pode fazer o que está fazendo com o Rio de Janeiro”, “o Rio não merece ter governadores presos porque roubaram” e que “eu nem sei se isso é verdade porque não acredito em tudo o que a imprensa fala”.
Segundo ele, “é preciso fazer uma distinção. Se um empresário roubou, você prenda o empresário, mas não precisa quebrar a empresa. Porque, se quebrar a empresa, quem paga o pato é o trabalhador, que é inocente e que precisa receber salário. Acho que tem que haver investigação e que quem roubou tem que ser preso. Minha divergência com a Lava Jato é que quem roubou fica solto e a empresa quebra, penalizando os trabalhadores”.
Até agora, dos que roubaram e não têm “foro privilegiado” – cuja prisão depende do STF – o único que não foi preso, que continua solto, é ele mesmo, Lula.
Evidentemente, é ele – e não a Lava Jato – que está defendendo que aqueles que roubaram fiquem soltos. Foi exatamente isso o que disse sobre Sérgio Cabral (“o Rio não merece ter governadores presos porque roubaram. Eu nem sei se isso é verdade porque não acredito em tudo o que a imprensa fala”).
Se não fosse cinismo e falta de vergonha, Lula seria o único brasileiro a ter dúvidas de que Sérgio Cabral é um ladrão. Nesse caso, ao invés de um despudorado, que zomba das leis, da Justiça e da inteligência do povo, ele seria, meramente, um imbecil.
Os lulistas podem, portanto, escolher em que acreditar sobre o seu ídolo.
Mas é verdade que Lula somente está defendendo Cabral em causa própria – porque ele próprio roubou e quer ficar solto.
Da mesma forma, sua defesa das “empresas” é apenas uma defesa de quem lhe passou propina – portanto, uma defesa da propina que embolsou e de seu suposto direito a agasalhar propinas.
Além disso, é uma vigarice muito grosseira separar as empresas dos empresários, como se os últimos pudessem existir sem as primeiras, ou estas sem os seus proprietários.
Lula poderia defender que as empresas mudassem de propriedade – fossem, por exemplo, estatizadas. Mas, pelo contrário, está defendendo que elas continuem nas mesmas mãos – o que é a mesma coisa que defender que seus proprietários fiquem impunes, pois um proprietário é, antes de tudo, a sua propriedade.
Mas não foi a Lava Jato que quebrou empresas nem, muito menos, deixou o Rio de Janeiro na atual situação. Quem fez isso foi a ladroagem e a política econômica – cada vez mais indistinguíveis – do PT e do PMDB. Não é um acaso que Joaquim Levy, secretário da Fazenda de Sérgio Cabral, fosse catapultado a ministro da Fazenda de Dilma (é verdade que, antes de Cabral, ele foi secretário do Tesouro de Lula). Ou que Meirelles, presidente do Banco Central de Lula seja ministro da Fazenda de Temer.
É significativo que a única empresa com que Lula não está preocupado é com aquela que pertence ao povo brasileiro: a Petrobrás, exatamente a grande vítima do banditismo peto-peemedebista.
Não foi a Lava Jato, mas Lula, seus correligionários e seus aliados, em conluio com alguns bandidos monopolistas – Odebrecht, JBS, Eike, etc., etc. -, que instalaram o esquema que roubou a Petrobrás (e também o BNDES e outras estatais) em dezenas de bilhões de reais.
A Lava Jato, pelo contrário, até agora conseguiu a devolução de R$ 10,8 bilhões à Petrobrás, dos quais R$ 1,47 bilhão já foram entregues (tabela abaixo).
Quanto à Lula, é aquele que declarou, na campanha eleitoral:
Resumindo: ladrão falando de ladrão.
Abaixo, as devoluções já feitas à Petrobrás pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Elas são a maior prova – e irretorquível – da roubalheira lulista e temerista contra o povo brasileiro. Naturalmente, dentro em breve, Lula dirá que o juiz Moro pagou R$ 1,470 bilhão do próprio bolso, somente para incriminá-lo… Que outra explicação poderia haver?
RÉU |
DEVOLUÇÃO |
Braskem |
362.949.960,81 |
Pedro José Barusco Filho |
199.069.598,81 |
Paulo Roberto Costa e Pedro José Barusco Filho |
152.220.335,21 |
Júlio Faerman |
145.585.131,34 |
Andrade Gutierrez |
118.650.604,46 |
Rolls-Royce, Nestor Cerveró e Sérgio Machado |
87.044.010,81 |
Sérgio Machado |
72.742.234,14 |
Hamylton Pinheiro Padilha Junior |
57.189.962,82 |
Camargo Corrêa |
42.263.574,06 |
Ricardo Ribeiro Pessoa |
32.600.038,93 |
Mário Frederico Góes |
26.494.596,85 |
Julio Gerin de Almeida Camargo |
23.847.696,23 |
Eduardo Costa Vaz Musa |
22.392.387,25 |
Milton Pascowitch |
16.393.564,32 |
Cid José Campos Barbosa da Silva |
14.945.966,72 |
Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva |
14.228.918,62 |
Roberto Trombeta |
12.127.379,49 |
Agosthilde Mônaco de Carvalho |
9.959.326,28 |
Rodrigo Morales
|
8.801.865,42 |
José Adolfo Pascowitch |
8.193.962,31 |
Fernando Antônio Falcão Soares |
7.175.247,07 |
Carioca Engenharia |
4.586.138,65 |
João Procópio Pacheco de Almeida Prado |
4.225.603,89 |
Augusto Ribeiro de Mendonça |
4.119.164,53 |
Eduardo Hermelino Leite |
3.926.972,24 |
Edison Krummenauer |
3.608.332,54 |
João Carlos de Medeiros Ferraz |
3.000.000,00 |
SOG Óleo e Gás |
2.595.085,67 |
Expedito Machado Filho |
2.000.000,00 |
João Ricardo Auler |
1.452.434,60 |
Antônio Pedro Campello de Souza Dias |
1.439.642,48 |
Elton Negrão de Azevedo Junior |
1.439.642,48 |
Otávio Marques de Azevedo |
1.079.731,86 |
Shinko Nakandakari |
1.074.446,10 |
Dalton dos Santos Avancini |
898.343,69 |
SBM |
754.329,39 |
Luis Mario da Costa Mattoni |
719.821,25 |
Paulo Roberto Dalmazzo |
719.821,24 |
Salim Taufic Schahin |
584.491,10 |
Luiz Augusto França |
403.706,62 |
Marco Pereira de Souza Bilinski |
403.706,62 |
Vinícius Veiga Borin |
403.706,62 |
Edison Freire Coutinho |
401.281,90 |
José Antônio Marsílio Schwarz |
401.281,90 |
Walmir Pinheiro Santana |
315.970,22 |
Milton Taufic Schahin |
116.720,22 |
Acordo sob sigilo |
40.000,00 |
TOTAL |
1.475.586.737,76 |