O presidente Lula vai se reunir, nesta quinta-feira (27), com o general da reserva Marcos Antônio Amaro dos Santos, cotado para chefiar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e discutir o futuro do órgão.
Aos aliados, Lula confirmou que o GSI não será extinto e deverá ser composto por militares e por civis.
O Gabinete está sendo dirigido de forma interina por Ricardo Cappelli, segundo na hierarquia do Ministério da Justiça.
Antes de se reunir com Marcos Antônio Amaro dos Santos, Lula vai conversar com os ministros da Justiça, Flávio Dino, da Casa Civil, Rui Costa, da Defesa, José Múcio Monteiro, e com o próprio Cappelli.
O general da reserva já comandou o Gabinete de Segurança Institucional entre 2015 e 2016, na gestão de Dilma Rousseff.
Segundo o site Poder360, o General Marco Antônio Amaro dos Santos vai propor a Lula que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) retorne à alçada do GSI.
O ex-chefe do órgão, o general da reserva Gonçalves Dias, pediu demissão depois da divulgação de gravações dele e de outros agentes do GSI dentro do Palácio do Planalto depois que o prédio foi invadido por terroristas apoiadores de Jair Bolsonaro.
Os agentes tinham sido indicados pelo ex-chefe do GSI, o general bolsonarista Augusto Heleno.
Nesta quarta-feira (26), Ricardo Cappelli exonerou 29 funcionários do órgão, em grande parte pessoas que foram indicadas no governo anterior por ter proximidade com Heleno.
Em suas redes sociais, Cappelli disse que deu cumprimento “à determinação do presidente Lula de acelerar o processo de renovação do GSI”.
O ministro interino do GSI confirmou em entrevista que “em nenhum momento” o presidente Lula tratou com ele a extinção do órgão.
“O GSI sempre teve à frente dele um general do Exército. Então, acho que é absolutamente natural que um general do Exército siga à frente do GSI”, comentou.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, avalia que “nós não devemos acabar com um órgão porque houve erro. O que precisa é apurar e ter responsabilização”.
Ricardo Cappelli afirmou que Jair Bolsonaro e militares que são próximos dele têm responsabilidade direta sobre o atentado terrorista do dia 8 de janeiro.
“O 8 de janeiro começou no dia seguinte à eleição presidencial, com a montagem dos acampamentos em frente aos quartéis militares. Todos os eventos, a tentativa de colocar uma bomba no aeroporto, os distúrbios em Brasília no dia da diplomação, passam pelo acampamento”, disse.
“Aquilo não seria montado sem um sinal do comandante-em-chefe das Forças Armadas, que era o ex-presidente Jair Bolsonaro”, continuou.
“Ele e os generais que trabalhavam com ele, o Braga Netto [ex-ministro da Casa Civil], [Augusto] Heleno e [Luís Eduardo ] Ramos [ex-ministro da Secretaria de Governo] têm muito a explicar ao país do porquê deixaram montar aqueles acampamentos e das declarações que eles deram ao longo de novembro e dezembro, incitando as pessoas a se levantarem contra o resultado democrático das urnas”, completou Cappelli.