Em seu discurso desta quarta-feira (10), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Lula afirmou que “minha cabeça não tem tempo para pensar em candidatura agora” e que ainda não pensa nas eleições de 2022.
Em mais de duas horas de entrevista, Lula agradeceu ao ministro Edson Fachin pela decisão de anular a competência da Justiça Federal do Paraná nos julgamentos que o condenaram no âmbito da Operação Lava Jato e disse que o país está sem governo (v. HP 10/03/2021, Lula agradece a Edson Fachin e diz que “o Brasil está sem governo”)
O ex-presidente adiantou que sua principal preocupação no momento é buscar saídas para o país, principalmente na questão da vacinação da população, que está muito lenta. Lula defendeu acelerar o processo de vacinação como principal elemento para ajudar na recuperação da economia e dos empregos.
Além da imunização contra a pandemia, Lula exortou seus companheiros de partido a lutarem pela manutenção do auxílio emergencial, mecanismo que pode ajudar no consumo das famílias.
O ex-presidente fez, também, uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro. Ele lembrou que a atual gestão não fala em assuntos como investimentos, desenvolvimento do país e distribuição de renda. Salientou que, em 2008, quando era presidente, o Sistema Único de Saúde (SUS) conseguiu vacinar 80 milhões de pessoas em três meses, durante a pandemia da H1N1. “Cadê o ‘Zé Gotinha’? Ele sumiu”, disse, referindo-se ao personagem infantil que incentiva a vacinação nas crianças.
Citou, ainda, que, desde que o atual governo assumiu, o país empobreceu. Houve queda no Produto Interno Bruto (PIB), perda da massa salarial, queda das vendas do comércio varejista, entre outros retrocessos econômicos e sociais. Disse que pretende negociar com políticos de qualquer lado do espectro partidário, mas também com empresários que queiram recuperar economia do país.
“Preciso conversar com os empresários. Eu quero saber onde está a loucura deles de não perceberem que, se eles querem crescer economicamente, se eles querem que a Bolsa cresça, se eles querem que a economia cresça, é preciso garantir que o povo tenha emprego”, afirmou. Lembrou que, nas eleições de 2002, convidou o então empresário José Alencar para ser vice-presidente. Para ele, isso é uma prova de que é possível fazer uma aliança entre empresários e trabalhadores.
Lula disse ainda que é radical quando se trata de “enfrentar os problemas pela raiz”. Voltou a lembrar da crise do subprime em 2008. Disse que, na ocasião, quando os Estados Unidos enfrentaram uma das piores crises financeiras, o mercado precisou recorrer ao estado para evitar que as empresas quebrassem.
O ex-presidente também manifestou-se contra as privatizações generalizadas que estão ocorrendo ou programadas no governo Bolsonaro. Disse que uma empresa do governo, bem gerida, dá retorno. Afirmou, também, que é contra a recém aprovada autonomia do Banco Central (BC).
MAC