“Eu estou convencido que é um processo normal e tranquilo. É preciso acabar com a ingerência externa nos outros países. A Venezuela tem o direito de construir o seu modelo de crescimento sem que haja bloqueios”, disse o presidente
O presidente Lula afirmou nesta terça-feira (30), em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, que aguarda o desfecho do processo eleitoral na Venezuela para ter uma posição definitiva. “Sabe como se resolve essa questão: apresentando a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso”, disse o presidente.
Apesar da repórter repetir, sobre o Conselho Eleitoral da Venezuela, o mesmo que os bolsonaristas diziam sobre Tribunal Eleitoral brasileiro, Lula afirmou que se a oposição vai ter que recorrer à Justiça se se sentir prejudicada e “vai esperar a Justiça formar o processo. Vai ter uma decisão que a gente tem que acatar”, argumentou.
“Eu estou convencido que é um processo normal e tranquilo. O que preciso é que as pessoas que não concordam tenham o direito de se expressar, tenham o direito de provar que não concorda e o governo tem que provar que está certo”, acrescentou Lula.
Sobre a nota do Partido dos Trabalhadores, Lula confirmou que o partido “reconheceu e elogiou o povo venezuelano pela eleição pacífica que houve”. Disse, também, que o partido, “ao mesmo tempo reconhece que o Tribunal Eleitoral da Venezuela já reconheceu o Maduro como vitorioso”.
Ele lembrou que “a oposição ainda não reconheceu”. “Então tem um processo. Não tem nada de grave. Nada assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a terceira guerra mundial”, apontou.
“Não tem nada de anormal, teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51% e a outra que teve quarenta e poucos por cento. Um concorda e o outro não, então, entra na Justiça e a Justiça decide”, argumentou o presidente.
“A hora que tiver apresentado as atas e for consagrada que a ata é verdadeira, todos nós temos obrigação de reconhecer o resultado eleitoral da Venezuela”, destacou Lula, que passou por um processo semelhante e teve que enfrentar as arruaças dos fascistas e as tentativas de impedir a sua posse quando ele derrotou Bolsonaro no Brasil e 2022.
“Há uma proposta que está sendo feita, de que Brasil, México e Colômbia assinasse uma nota conjunta. Eu acho que não é necessário muita coisa não. Porque o presidente Maduro sabe, ele sabe perfeitamente bem, que quanto mais transparência houver, mais chance ele terá para ter tranquilidade para governar a Venezuela”, afirmou Lula.
O presidente disse que “é preciso acabar com a ingerência externa nos outros países. Eu acho que a Venezuela tem o direito de construir o seu modelo de crescimento sem que haja bloqueios. Um bloqueio que mata Cuba há 70 anos, bloqueio que penaliza o Irã, que penaliza a Venezuela, tem que parar com isso”, afirmou. “Cada um constrói o seu processo democrático, cada um tem o seu processo eleitoral”, completou.