Em discurso na posse da primeira mulher a assumir a presidência do Banco do Brasil, nos seus 214 anos, o presidente Lula defendeu que a nova gestão atue para que o Banco do Brasil “cuide do povo que mais necessita”
A servidora Tarciana Medeiros tomou posse nesta segunda-feira (16) como presidente do Banco do Brasil (BB), se tornando a primeira mulher a ocupar este alto cargo da instituição que fez 214 anos em 2022. Tarciana foi escolhida pelo próprio presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presente ao ato com sua esposa Janja da Silva e a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
“Acho que não é pouca coisa o que está acontecendo hoje no Banco do Brasil”, manifestou o presidente Lula. “A gente precisaria se perguntar porque, durante tantos e tantos anos, uma mulher não fez por merecer ser presidenta do Banco do Brasil. Será que foram as mulheres que não fizeram por merecer? Ou os homens que não quiseram compreender que as mulheres tinham tanto direito quanto eles de exercer o cargo de Presidente do Banco do Brasil?”
Em seu discurso, Lula elogiou o histórico de Tarciana e defendeu que a nova gestão atue para que o Banco do Brasil “cuide do povo que mais necessita”.
“Eu sei que o Banco do Brasil é um dos grandes financiadores do agronegócio, financia bilhões, bilhões e bilhões, mas também no meu tempo a gente financiava, com muito orgulho, os pequenos e médios proprietários através do PRONAF [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]. Eu não sei nem como é que anda o PRONAF, mas eu acho que a gente precisa voltar a acreditar no pequeno e médio produtor rural, porque são eles aqueles que mais colocam alimento na mesa em que come todos nós aqui”, ressaltou.
“Desejo um Banco do Brasil muito forte, quero o Banco do Brasil com muita gente depositando dinheiro no Banco do Brasil – até minha conta agora vai ser do Banco do Brasil. Quero que a gente seja campeão de crédito consignado e eu quero dizer para vocês uma coisa que eu dizia em 2003: ‘o pobre nesse país não é o problema’. Ele é a solução na medida em que ele é incluído na economia. E nós vamos outra vez incluir o povo pobre na economia e queremos que o Banco do Brasil cumpra com a sua parte”, disse Lula.
Emocionada, em seu discurso de posse, Tarciana Medeiros, uma paraibana orgulhosa de suas raízes, afirmou ser muito simbólico o ato de posse ter acontecido no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. “Local que já recebeu tantas manifestações artísticas e foi palco de momentos importantes, acontecimentos importantes do nosso país, o mais recente deles foi receber a equipe de transição desse governo. E que coincidência maravilhosa, tendo no mesmo dia da minha posse como presidente do Banco do Brasil, a exposição do Movimento Armorial que inspira a obra do brilhante paraibano, Ariano Suassuna”, manifestou.
Tarciana Medeiros, nos seus mais de 20 anos de carreira no banco estatal, já ocupou cargos de gerência de relacionamento e negócios, passando por unidades do Norte e do Nordeste, além do Distrito Federal.
“Sendo a primeira instituição bancária do país, ao longo de nossa história participamos ativamente do desenvolvimento econômico e social do Brasil, esse continua e permanece sendo o nosso jeito de ser BB. Essa é a nossa essência, a nossa base. Afinal, queremos ser uma empresa que proporciona a melhor experiência para a vida das pessoas que promove o desenvolvimento da sociedade de forma inovadora e eficiente, que ajuda as pessoas, as empresas, as administrações públicas e as instituições a alcançarem objetivos, metas, sonhos”, disse.
“A força do Banco do Brasil sempre esteve na diversidade dos nossos funcionários e clientes. Nosso banco é diverso em um país diverso, nós somos a cara do Brasil. Conhecemos a realidade de cada comunidade em que atuamos. Somos parte dessas comunidades e ajudamos a moldar as culturas locais. Participamos ativamente da vida social, das atividades econômicas, das manifestações artísticas, dos credos e cores. Não só falamos a mesma língua como temos os diversos sotaques. Compartilhamos os desafios e oportunidades. Estamos em todos os cantos, juntos e misturados, portanto, falar do Banco do Brasil é falar de pessoas. Acredito fortemente que são elas que fazem a diferença em qualquer instituição e aqui na nossa casa não é diferente. Foram as pessoas que trouxeram o BB até aqui e são elas que o levarão nos próximos anos a patamares ainda mais relevantes”, afirmou a nova presidente do Banco do Brasil.