A caravana do Lula pelo sul do país, realizada às vésperas da decisão da Justiça sobre a sua prisão, foi bastante tumultuada. Depois de enfrentar protestos em Bagé, Santa Maria, São Borja e Chapecó, o ex-presidente praticamente não conseguiu discursar em São Miguel do Oeste, município de Santa Catarina. O palanque onde estavam os petistas na noite deste domingo (25) foi alvo de uma chuva de ovos. O ex-presidente teve que ser protegido por um guarda-chuva para não ser atingido.
Do palco, e, embaixo do guarda-chuva, Lula disse que esperava que a Polícia Militar tivesse a responsabilidade de entrar no imóvel “para pegar esse canalha e dar o corretivo nele, que ele precisa ter para não tacar ovos nas pessoas”. “Esse cidadão está esperando que a gente fique nervoso, suba lá e dê uma surra nele”, vociferou o petista, olhando na direção de onde vinham os ovos. “Esses caras devem ser débeis mentais”, gritava Lula, referindo-se aos manifestantes que atiravam os ovos. Lula chegou a dizer que não vai dar a outra face. “A gente vai dar é porrada, se não respeitarem a gente”, prometeu.
Mais cedo, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, dirigiu-se aos manifestantes e chamou-os para que fossem até o palanque. Não funcionou. O que vinha em direção ao palanque eram ovos e mais ovos. “Tenham coragem de descer até aqui”, dizia ela. “Vocês estão estragando alimentos, tomem vergonha na cara”, gritava Gleisi, mas os ovos não paravam de chegar. A senadora afirmou, então, que se algo acontecesse a Lula, a responsabilidade seria do governo do Estado.
Na segunda-feira (26), um membro da equipe de segurança da caravana de Lula agrediu um repórter do jornal O Globo, que fazia a cobertura em Francisco Beltrão, onde o petista passava com sua caravana. O repórter filmava a abordagem de dois homens ligados à caravana de Lula a um carro de manifestantes quando uma pessoa o agrediu com um soco no rosto. Dois seguranças que fazem a escolta pessoal do ex-presidente intervieram e afastaram o agressor, que não foi identificado. Em praticamente todas as cidades por onde Lula passou houve manifestações e hostilidades.