Bolsonaro descumpre promessa, não atualiza a tabela do IR e penaliza os mais pobres
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu aos brasileiros em seu programa eleitoral de segunda-feira (10) que vai reajustar a tabela do Imposto de Renda. “Imposto de Renda zero para quem ganha até 5 mil reais e desconto para classe média”, declarou.
Atualmente, a faixa de isenção é de R$ 1.903,98, penalizando aqueles que ganham pouco mais de um salário mínimo.
Lula saiu na frente na campanha para presidente da República com 6 milhões de votos à frente de Jair Bolsonaro, que durante quatro anos não cumpriu sua promessa de campanha em 2018, de reajuste na tabela de Imposto de Renda de isenção para quem ganha até R$ 5.000. Este ano, Bolsonaro prometeu mais uma vez corrigir a tabela do Imposto de Renda e falou em limite de até R$ 2.500, menor do que o prometido em 2018, mas nem essa promessa cumpriu.
Com mais este ano sem qualquer alteração na tabela, e a carestia corroendo os salários dos trabalhadores, a partir do próximo ano, os que que recebem um salário mínimo e meio vão pagar mais imposto.
Sem a correção da tabela, muitos contribuintes deixam a faixa de isenção ou passam a pagar uma alíquota maior em relação ao ano anterior, uma vez que reajustes salariais, ainda que abaixo da inflação, podem fazer com que a pessoa entre em outra faixa de renda da tabela.
“É um aumento brutal da carga tributária para a classe média e para os pobres e um descumprimento da promessa de campanha de não ter aumento de imposto”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Unafisco Nacional), Mauro Silva.
Pelos cálculos da Unafisco, se a tabela de Imposto de Renda Pessoa Física fosse atualizada no governo Bolsonaro, o número de isentos passaria de 7,626 milhões para 13,522 milhões de pessoas. Com a disparada da inflação, a defasagem da tabela só no atual governo chegou a 31%. A última correção da tabela do IR foi em 2015.
Segundo estudo divulgado pelo Sindifisco, em julho deste ano, de 1996 até junho de 2022, a tabela do Imposto de Renda acumulou uma defasagem de 147,37%. Caso a tabela fosse reajustada pela inflação, a faixa de isenção, que hoje é de R$ 1.903,98, subiria para R$ 4.670,23.
Para o presidente do Sindifisco, Isac Falcão, “quando não temos a correção da tabela, o tributo acaba atingindo em cheio os mais pobres, que perderam seu poder de compra ao longo do período. Não corrigir a tabela é uma forma de aumentar o imposto para essa numerosa parcela da população que, além de arcarem com o IR, precisam também lidar com os tributos indiretos, que incidem sobre o consumo”.