
Tentativa de interferir nos assuntos internos do país, com sanções ao ministro Alexandre de Moraes, foi repudiada
O presidente Lula se reuniu, na noite de quinta-feira (31), com seis ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em um jantar no Palácio da Alvorada para discutir as tentativas do governo dos Estados Unidos de interferir na Justiça brasileira.
Os ministros afirmaram para Lula que as pressões feitas por Donald Trump – e ressoadas pelos bolsonaristas – não vão alterar o funcionamento, nem terão influência nos julgamentos da Corte.
Estiveram no jantar o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Edson Fachin, além do ministro da Justiça e ex-membro do Supremo, Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, e o procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet.
Convidados, não foram ao encontro Kassio Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e os ministros Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia.
O encontro foi convocado após o governo dos Estados Unidos confirmar as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes por supostas violações dos direitos humanos.
Na quinta-feira (31), o presidente Lula escreveu em suas redes sociais que a soberania nacional “nos trouxe liberdade e independência” e é o primeiro dos princípios fundamentais citados em nossa Constituição.
“Soberania é a autoridade que um povo tem sobre seu próprio destino. É a capacidade de um país decidir seus rumos, proteger seus recursos, cuidar de seu território e defender seus interesses diante do mundo. Soberania é, para nós, o direito de construir uma sociedade livre, justa e solidária”.
Donald Trump aplicou sanções contra Moraes para que Bolsonaro fique impune e não responda pelos seus crimes contra o Estado brasileiro. O processo já está em fase de alegações finais, a última antes do julgamento.
Ao longo da investigação e do processo, foram encontradas diversas provas de que Jair Bolsonaro era o líder do grupo que tentou dar um golpe de Estado. Bolsonaro, pessoalmente, pediu apoio aos então comandantes das Forças Armadas para instalar uma ditadura, mas foi rechaçado.
Principal interessado nas sanções, Jair Bolsonaro declarou apoio a Donald Trump contra o Brasil. Ele admitiu ter enviado pelo menos R$ 2 milhões para manter seu filho, Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, onde está atuando em prol das sanções contra o Brasil e o ministro Alexandre de Moraes.
Em nota oficial, o presidente do Supremo Luís Roberto Barroso reforçou que “o julgamento de crimes que implicam atentado grave à democracia brasileira é de exclusiva competência da Justiça do país”.
“O Supremo Tribunal Federal não se desviará do seu papel de cumprir a Constituição e as leis do país, que asseguram a todos os envolvidos o devido processo legal e um julgamento justo”, continua a manifestação.