
Para ele, “a situação abriu uma brecha histórica para o governo Lula dialogar com parte do eleitorado que apoiou Jair Bolsonaro”. “O eleitor espera que o Lula defenda o Brasil, que defenda um projeto de desenvolvimento no país”, destacou o presidente do PT
O novo presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, afirmou nesta quarta-feira (23), em entrevista ao jornal O Globo, que o tarifaço imposto por Donald Trump não apenas compromete o comércio exterior, como ameaça a soberania de países como o Brasil. “Ele está criando as condições para a Terceira Guerra Mundial, só que ela não será bélica, será econômica”, destacou Edinho.
Para o comandante do PT, o novo cenário internacional e o embate sobre os rumos do modelo econômico nacional mobilizaram setores sociais até então refratários ao governo. “Agora está acontecendo pela primeira vez desde a posse. As entregas do governo não mexeram na opinião pública, mas o debate sobre o modelo de sociedade mexe”, acrescentou Edinho.
Edinho afirmou que a situação abriu uma brecha histórica para o governo Lula dialogar com parte do eleitorado que apoiou Jair Bolsonaro. “O eleitor espera que o Lula defenda o Brasil, que defenda um projeto de desenvolvimento no país. Nisso que a gente tem que melhorar a nossa capacidade de dialogar. Que Brasil queremos deixar para as futuras gerações? Esse é o debate”, acrescentou o ex-prefeito de Araraquara.
“O governo não planejou o que está acontecendo, tampouco o partido. É uma reação ao governo Trump, que usa a concepção de coerção econômica mundial. Ele usou isso praticamente com todos os grandes parceiros”, denunciou o dirigente petista. “O governo foi surpreendido. Além da guerra tarifária, ele politizou. Interferiu na soberania nacional ao querer dizer de que forma as nossas instituições têm que funcionar. Então, ele estimula que haja a defesa do país. Não temos outro caminho. Ou nós vencemos esse embate ou o Brasil vira um quintal dos EUA”, prosseguiu.
O presidente do PT também destacou que é errada a análise, feita por alguns, de que o governo Lula tenha negligenciado o diálogo com Washington por priorizar os BRICS. “É uma leitura muito equivocada achar que o Brasil não tem direito de se organizar do ponto de vista econômico. Diante do tarifaço do Trump que começa a se propagar para o mundo, é evidente que você tem que buscar alternativa.”, enfatizou Edinho.
O Brasil foi um dos fundadores do BRICS, um grupo formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e que já dobrou o seu número e tem hoje mais de 40 outras nações pedindo para ingressar. O grupo já representam 40% do PIB mundial (pelo critério de poder de compra) e reúne cerca de metade da população do planeta. Esses países se aliaram em 2009 para superarem os obstáculos ao seu desenvolvimento e promoverem a cooperação em diversos campos para garantir o desenvolvimento comum.