
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, embarca nesta segunda-feira (14) para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito.
Mesmo sem assumir ainda o cargo, ele foi convidado na condição de chefe de Estado eleito e convidado especial do presidente do Egito, Abdel Fattah El Sisi.
Lula estará na companhia das ex-ministras do Meio Ambiente, a deputada eleita Marina Silva (Rede) e Izabella Teixeira, da senadora e ex-candidata a presidente, Simone Tebet (MDB), e do governador reeleito do Pará, Helder Barbalho (MDB).
Estarão ainda na comitiva o ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad (PT), Aloizio Mercadante (PT), um dos coordenadores da transição de governo e, provavelmente, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores.
São 17 deputados e 13 senadores que receberam autorização para viajar ao Egito em missão oficial. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está entre eles, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não irá.
Na opinião de Marina Silva (Rede-SP), com Lula, o Brasil retoma a postura de “protagonista” na COP27, após anos submerso internacionalmente sob a gestão de Bolsonaro.
“Um dos passos [para o avanço da agenda de preservação] é a volta do Brasil ao terreno das COPs como protagonista. No governo [Jair] Bolsonaro eles sempre condicionam controlar o desmatamento a que nos paguem para fazer isso. E o Brasil vai dizer, sim, quer a cooperação internacional, mas preservar a Amazônia e os biomas brasileiros é interesse nosso”, apontou a ex-ministra.
“Não é um processo fácil. Houve um desmonte de todas as políticas voltadas para a área ambiental, mas acreditamos que recompondo o orçamento, as equipes que atuam na área, priorizando a volta do plano que já deu certo no passado, que reduziu o desmatamento em 83% em quase uma década, e atualizando essas políticas, nós vamos conseguir um bom resultado”, garantiu Marina em coletiva de imprensa, no sábado (12), no Egito.
Após reunião com Lula na quarta-feira (9), o governador Helder Barbalho informou que a ida do presidente eleito à conferência tem o “objetivo de garantir ao Brasil o protagonismo na pauta do Desenvolvimento Sustentável e Social para a Amazônia”.
“Vamos falar sobre Amazônia e mostrar para o mundo o que estamos fazendo para manter a floresta em pé, gerando oportunidades para o nosso povo”, escreveu Helder no Twitter.
RETROCESSO
O retrocesso e o negacionismo bolsonarista desmontou a estrutura de fiscalização de preservação do meio ambiente, com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ) aparelhado e inerte diante dos crimes ambientais. Bolsonaro estimulou a mineração ilegal e o desmatamento da Amazônia. Para se ter uma ideia, a prática de destruir os equipamentos utilizados pelos bandidos ambientais foi coibida.
Seu governo tentou negar a existência de desmatamento, das queimadas e do avanço da mineração ilegal nas terras indígenas. O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu abertamente aproveitar a pandemia para passar a “boiada”, ou seja, driblar as leis do meio ambiente e cometer ilegalidades. E foi flagrado acobertando madeireiros criminosos.
Bolsonaro atacou o mundo inteiro que cobrava a defesa da Amazônia, chegando a se engalfinhar com o presidente francês Emmanuel Macron.
Bolsonaro foi um pária internacional, sem que nenhum chefe de Estado o procurasse para qualquer evento ou conversas, mesmo bajulando vergonhosamente o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Na COP27 Lula irá se comprometer com a mudança de postura no gerenciamento do meio ambiente em comparação com Jair Bolsonaro (PL), que não deverá estar presente.
Entre sua pautas, ele deverá assinalar:
1) Compromisso com desenvolvimento sustentável, apontando para novos investimentos estrangeiros, porém, sem aumentar desmatamento;
2) Soberania da Amazônia por parte dos países latino-americanos que compõe a área oficial da floresta.
Em outubro, segundo dados preliminares de satélite do governo coletados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), foram desmatados 903,86 km² na região amazônica, o maior nível para o mês desde que o rastreamento começou em 2015.
Lula também já declarou que não será tolerado, como foi no governo bolsonarista, e aumentará o rigor contra madeireiros, garimpeiros, grileiros e agricultores que invadem terras preservadas ou desmatam ilegalmente.
Em seu primeiro discurso após ser eleito, Lula declarou que o que mais ouve é que “o mundo sente saudade do Brasil”.
“Saudade do Brasil soberano que falava de igual para igual com os países mais ricos e soberanos e ao mesmo tempo contribuia para o desenvolvimento dos mais pobres”, disse. “Hoje, dizemos ao mundo que o Brasil está de volta e o Brasil é grande demais para ser relegado ao triste papel de pária no mundo”.
BOLSONARO G20
Já Bolsonaro, finda o seu triste governo da forma melancólica como começou: isolando-se mais ainda no mundo. Ele não estará na COP27.
Segundo fontes do Itamaraty, ele também não irá para a cúpula do G20, marcada para ocorrer na próxima semana na Indonésia.
O encontro do G20 tem em sua agenda alguns dos principais temas internacionais.
Está confirmada a presença do chanceler Carlos França.
Também não está confirmada a participação de Bolsonaro na Cúpula do Mercosul, marcada para acontecer no Uruguai em três semanas.
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