Para o PT, ao aceitar o Ministério da Justiça, Moro confirma o que eles sempre disseram: que Lula é inocente e o juiz faz parte de uma orquestração para incriminá-lo.
Ocorre que Lula não é inocente, e Moro, mesmo não sendo um Lenin, prestou grande serviço ao país e à democracia, mandando para a cadeia políticos, empresários e funcionários que assaltaram o Estado – independente do tamanho de cada um, das motivações e dos matizes ideológicos que dizem representar.
Ao contrário do que prega a narrativa petista, não é necessário ser de esquerda para prestar bons serviços ao país. E muito menos basta ter feito algo positivo em alguma quadra da vida, para ser “o bom” para sempre.
Renegados como Kautsky, Gorbachev, Tsipras, Ortega, Lula produziram grande estrago no campo progressista.
Honestidade e integridade valem mais do que o registro partidário.
Sob a inspiração de Moro, a Lava Jato pegou uma seleta plêiade de apóstolos da corrupção, que ocupavam cargos de direção nas mais diversas legendas partidárias.
Mas a Lava Jato não acabou. Muitos culpados não receberam ainda as suas sentenças. A pressão para “estancar a sangria” é poderosa e vem de todos os pontos do consórcio estabelecido entre políticos que ocuparam fatias do poder nos últimos governos e a banda podre do empresariado.
Como Bolsonaro cercou-se de um séquito no mínimo problemático e emite sinais de que pretende levar para sua base parlamentar o Centrão, a começar pelo DEM e o PP cuja densidade de indiciados na Lava Jato é das maiores, a Hora do Povo alertou o juiz Moro de que o interesse do novo governo é o de parasitar o seu prestígio e não o de contar no Ministério da Justiça com a isenção mantida por ele em Curitiba.
Provavelmente, por não ter hoje, como 57,7 milhões de brasileiros, avaliação igual à nossa sobre o futuro governo, Moro aceitou o convite. A prática dirá se ele vai se tornar maior – contrariando o lobo em sua própria toca – ou menor.
Mais importante que prognósticos sobre seu futuro, é o nosso compromisso de não dar trégua à corrupção, onde quer que ela se manifeste.
(SÉRGIO RUBENS)