Jair Bolsonaro indicou o presidente da Embratur, Gilson Machado, para o Ministério do Turismo.
Em nota, após a indicação, Machado ignorou o aumento de casos e mortes pela Covid-19 no país e pediu para que os prefeitos e governadores “não decidam por voltar a fechar as atividades” no Natal.
“Aproveito a oportunidade para fazer um apelo às autoridades municipais e estaduais para que não decidam por voltar a fechar as atividades ligadas ao trade do turismo, especialmente no período do Natal. Não podemos implementar lockdown novamente pois o setor não aguenta”, disse.
Gilson Machado ficou conhecido na internet por ter tocado sanfona ao lado de Jair Bolsonaro em algumas lives.
Numa dessas lives, no dia 2 de julho, usou indevidamente uma música de Luiz Gonzaga, “Riacho do Navio”, deformando a letra da composição para bajular Bolsonaro.
Os netos do Rei do Baião protestaram e desautorizaram o uso da letra.
A letra original de “Riacho do navio” diz: “Riacho do Navio / corre pro Pajeú / O rio Pajeú vai despejar / no São Francisco / O rio São Francisco / vai bater no meio do mar”. Na live de Bolsonaro a letra aparece deturpada, com o título “Riacho do navio que agora vai para o Ceará”, como avisa Machado Neto. Alguns versos são alterados, e passam a incluir referências ao estado nordestino e a Bolsonaro: “Riacho do Navio / corre pro Pajeú / O rio Pajeú vai despejar / no São Francisco / O rio São Francisco / agora vai pro Ceará / Presidente Bolsonaro levou rio pro Ceará”.
Amora Pêra, Daniel Gonzaga e Nanan Gonzaga, netos de Luiz Gonzaga e filhos do também cantor e compositor Gonzaguinha, publicaram um texto de protesto nas redes sociais e deixaram claro que não autorizavam a utilização da obra do avô para fins políticos pelo governo federal.
“Diante da impotência e da impossibilidade de processo por propaganda indevida, por dupla apropriação, da canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas e do projeto do Rio São Francisco; nós, filhos de Luiz Gonzaga do Nascimento Jr, netos de Luiz Gonzaga, o Gonzagão, apresentamos uma NOTA DE NOJO diante deste governo mortal e suas lives. Governo que faz todos os gestos ao seu alcance para confundir e colocar em risco a população do Brasil, enquanto protege a si mesmo e aos seus”, dizia a nota.
“Não estamos de acordo com o uso da canção ‘Riacho do Navio’, nem sua alteração, nem sua execução (com duplo sentido) pelo Senhor Gilson Machado Neto, presidente da Embratur, em transmissão ao vivo pelo Senhor Presidente”, continuam.
“Sonhamos com o dia em que nosso país volte a ser e a ter respeito e honestidade em relação à sua história, suas injustiças e desequilíbrios. Sonhamos o dia em que se volte a reconhecer, dentro do país, a importância da Cultura, das artes Brasileiras, e seu imenso legado por gerações, assim como o é em todo o mundo”, enfatizaram.
Gilson Machado assume o Ministério depois da saída de Marcelo Álvaro Antônio, que discutiu com o chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e o acusou de estar negociando Ministérios com partidos do “centrão”.
Marcelo Álvaro Antônio foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo “laranjal” no PSL de Minas Gerais, que presidiu durante as eleições de 2018.
Como presidente do partido no estado, ele repassou R$ 279 mil para quatro candidatas que só obtiveram, juntas, 2.084 votos. Pelo menos R$ 85 mil das campanhas foram gastos com empresas ligadas a assessores ou familiares do bolsonarista.
Relacionada: