Após aluno do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Bellintani Baleotti, aparecer em vídeo afirmando que a “negraiada vai morrer”, estudantes da instituição realizaram manifestação contra o fascismo, racismo, pelas liberdades democráticas e exigiram a expulsão do colega racista, nesta terça-feira (30).
O vídeo, que viralizou nas redes sociais e motivou a manifestação, mostra o eleitor de Jair Bolsonaro (PSL) indo votar no domingo em Londrina, no Paraná. Ele afirma: “indo votar a ao som de Zezé, armado com faca, pistola, o diabo, louco para ver um vadio, vagabundo com camiseta vermelha e já matar logo. Tá vendo essa negraiada? Vai morrer! Vai morrer! É capitão, caralho”.
A manifestação dos estudantes aconteceu nas dependências do campus da universidade localizado em Higienópolis, bairro da capital paulista. Em gravações do ato, é possível ver palavras de ordem a exemplo de “Racistas não passarão” e “Mackenzie, se posiciona, os seus alunos não aceitam essa vergonha”.
Em nota, o Coletivo Negro Afromack reiterou que as falas do estudante configuram crime de racismo e desrespeitam a Constituição. “É inaceitável que um aluno que cursa Direito e que deveria, no mínimo, respeitar a Constituição que tanto estuda e que jura proteger ao pegar a OAB, tenha um discurso como esse. Sendo a advocacia uma profissão indispensável para a administração da justiça, é inconcebível que o aluno tenha essas atitudes”, diz o documento.
A Universidade Mackenzie suspendeu o estudante Pedro Bellintani Baleotti, de 25 anos, e afirmou por meio de nota que “Tais opiniões e atitudes são veementemente repudiadas por nossa Instituição que, de imediato, instaurou processo disciplinar, aplicando preventivamente a suspensão do discente das atividades acadêmicas. Iniciou, paralelamente, sindicância para apuração e aplicação das sanções cabíveis, conforme dispõe o Código de Decoro Acadêmico da Universidade.”
O escritório de advocacia em que o rapaz trabalhava desde julho como estagiário anunciou sua demissão na noite te segunda-feira (29). “O DDSA tomou conhecimento, na tarde de hoje, de vídeo que circula nas redes sociais com declarações efetuadas por acadêmico de Direito que fazia estágio no escritório e imediatamente o desligou de seus quadros. O escritório repudia veementemente qualquer manifestação que viole direitos e garantias estabelecidos pela Constituição Federal”, afirmou o escritório em nota.
O Ministério Público de São Paulo informou que a Promotoria de Direitos Humanos “requisitou a instauração de inquérito policial e também representou junto à comissão de ética da OAB, para apuração da conduta do estudante”.