O presidente argentino, Mauricio Macri, anunciou, na segunda-feira, 29, um corte na estrutura do Estado que atinge 25% dos postos do Poder Executivo, o que representa cerca de 1000 funcionários. Disse que serão congelados os salários mais altos, embora os sindicatos já manifestaram que o histórico do presidente não lhes permite acreditar nessas declarações e que, certamente, serão atingidos todos os níveis salariais.
Encurralado pela forte reação da sociedade à política de aumento dos gastos públicos não para obras ou programas em benefício da população, mas para aplicar a já conhecida política de compra de votos parlamentares e de anulação de qualquer questionamento às medidas antinacionais, Macri foi forçado a fazer um teatro de ‘sacrifício’ dos políticos que fazem parte de seu governo. Também afirmou que proibirá que os ministros designem familiares para postos no governo.
Dirigentes da Associação de Trabalhadores do Estado, ATE, consideraram irônico que essa diminuição de 1 em cada 4 cargos do Poder Executivo aconteça dois anos depois da chegada do partido Cambiemos ao governo, quando Macri incrementou em 25% a estrutura do governo, tornando-se o presidente que mais ministérios e organismos públicos criou.
Macri fez cinco novos ministérios, passando dos 16 que deixou Cristina Kirchner para 21. Além disso, aumentou de 70 para 87 as secretarias de Estado; e de 169 para 2017 as subsecretarias, segundo informe da Fundação Liberdade e Progresso (LyP) elaborado em abril passado e publicado pelo jornal Página 12.
A ATE registrou que antes do anúncio da redução de funcionários a cargo do Poder Executivo, o governo tinha já executado a segunda onda de demissões em massa na administração pública, atingindo trabalhadores de carreira e que não tinham vínculo com nenhum político de sua relação. O sindicato registrou que foram demitidos 520 trabalhadores contratados antes do Natal e que 2018 começou com 34 jornalistas desempregados dos canais de TV Encuentro, DeporTV e Paka Paka, além de 180 demitidos na área de conteúdos da Televisão Digital Aberta.
A essas desvinculações se somaram durante janeiro: 260 demissões de Fabricações Militares da cidade de Azul (Fanazul) que foram repudiadas em grandes manifestações, 400 em Yacimiento Río Turbio, 130 no Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agro- alimentar, Senasa, 120 no Hospital Posadas, entre outros.
Como se isso fosse pouco, Macri anunciou que “não haverá paritárias [negociações para acordos coletivos]”, para os funcionários públicos.