Macron, ameaçou “intervir” nas refinarias caso os petroleiros não “coloquem fim imediatamente e sem demora” às greves contra o arrocho salarial e melhores condições de trabalho iniciadas há mais de 15 dias.
Em entrevista à emissora de rádio RTL, o porta-voz do Executivo, Olivier Verán, aumentou o tom e disse que os trabalhadores precisam largar a paralisação e abandonar suas bandeiras ou, “do contrário, assumiremos nossas responsabilidades e nos veremos obrigados a intervir”.
Diante da intransigência do governo, a resposta dos petroleiros nas refinarias da Esso-Mobil e Total Energies já provocou o completo desabastecimento de quase um terço dos postos de gasolina de todo o país. Segundo o Ministério de Transição Energética, a situação vem piorando a cada dia e só tende a se agravar. A enorme escassez tem gerado imensas filas de veículos, com motoristas procurando abastecer-se, ampliando o número de protestos e confrontos.
Parado em uma das extensas filas, um motorista responsabilizou “a Europa, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Organização das Nações Unidas (ONU), mas sobretudo os norte-americanos por esta calamitosa situação em que nos vemos obrigados a ficar 50 minutos numa fila aguardando para ser atendidos”. Em entrevista à Sputnik, o motorista alertou que a situação é bastante crítica.
Na segunda-feira (10), alguns sindicatos de trabalhadores da Esso-Mobil chegaram a arrancar um acordo com a direção da empresa sobre um percentual de reajuste salarial, enquanto no caso da Total Energies as negociações apenas começaram.
Diante da limitação das propostas, entidades sindicais de caráter nacional como a Confederação Geral do Trabalho e a Força Operária reforçaram o chamado a que se manternha a paralisação.
A primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, anunciou a convocação por decreto do pessoal essencial das refinarias e dos depósitos de combustíveis, uma medida que obriga os petroleiros a regressarem aos seus postos de trabalho. Ao ser questionada pela Assembleia Nacional sobre o atropelo da medida, Borne disse que a insurgência contra a política de arrocho salarial “não justifica paralisar o país”.
Em contraposição às denúncias de lucros exorbitantes das transnacionais, as greves iniciadas no dia 27 de setembro defendem uma política de aumento salarial vinculada à inflação e uma melhor repartição dos dividendos.