Lideradas por ativistas do movimento “coletes amarelos”, centenas de pessoas vaiaram o presidente Emmanuel Macron em Paris, quando descia a Avenida Champs Élysées em um carro militar, durante o desfile do feriado nacional de 14 de Julho. Nesse dia a França comemora a Queda da Bastilha, marco histórico da Revolução Francesa nesta data em 1789.
Macron desfilou em carro aberto e no início do evento, quando passou as tropas em revista, o chefe de Estado foi vaiado por muitos espectadores estendendo bandeiras amarelas lembrando os “coletes”, que durante mais de 30 sábados seguidos paralisaram o centro de Paris e várias cidades da França com passeatas reivindicando o fim do ataque às conquistas sociais e a renúncia do presidente.
A polícia de Paris atacou os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e, logo após o desfile, eles responderam tentando bloquear o caminho com barricadas, além de atirar objetos na polícia e colocarem fogo em lixeiras, mostrou a emissora francesa BFM. Segundo informação dos órgãos de segurança, ao menos 180 pessoas foram detidas, incluindo três líderes dos “coletes amarelos”.
O desfile militar, de acordo com o jornal Le Monde, contou com 4.300 soldados, 196 veículos, 237 cavalos, 69 aeronaves e 39 helicópteros. Após passar as tropas em revista na avenida parisiense, acompanhado pelo Chefe do Estado Maior, Macron dirigiu-se à tribuna presidencial na praça da Concórdia, onde o esperavam muitos dirigentes europeus, entre os quais a chanceler alemã, ngela Merkel, o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o vice-primeiro-ministro britânico David Lidington, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.
A festa nacional foi usada pelo governo francês para destacar a chamada ‘inovação’ na defesa, considerada uma das prioridades de Emmanuel Macron.
Os “Coletes Amarelos”, que já derrubaram o aumento do preço do diesel e forçaram Macron a alguns recuos a contragosto, seguem exigindo sua renúncia, a restauração do imposto sobre fortunas, que ele aboliu, e a instauração de um mecanismo de consulta popular. Os protestos por enquanto inviabilizaram a próxima fase de suas “reformas”, como a da Previdência, destinada a piorar a anterior, cometida por Sarkozy em 2012. Os manifestantes declararam que não aceitarão nenhuma tentativa do governo de iludir os franceses com medidas de fachada.
No desfile foram exibidos robôs e drones utilizados pelas forças armadas, além do prato forte do ato que consistiu em uma demonstração futurista de Flyboard Air, una plataforma que permite voar com cinco turbojatos, inventada por Franky Zapata, que pilotou seu aparelho a várias dúzias de metros do solo.
SUSANA LISCHINSKY