“500 mil crianças iraquianas foram mortas pelo bloqueio, mais do que as crianças que morreram em Hiroxima. Valeu a Pena?”, foi a pergunta feita pelo programa “60 Minutes” à então secretária de Estado
Já que Washington colocou em pauta as crianças, ao classificar como “justificado” o ‘mandado de prisão’ contra o presidente Putin do Tribunal da Otan travestido de ‘TPI’, sobre suposto ‘rapto de crianças ucranianas’ – na verdade, a evacuação de civis de uma zona de guerra -, é oportuno reproduzir a célebre confissão da então secretária de Estado do governo Clinton, Madeleine Albright, de que “valeu a pena” ter matado “500 mil crianças iraquianas” de até cinco anos com o bloqueio dos EUA ao Iraque.
A confissão ainda pode ser encontrada na internet, com a entrevistadora Leslie Stah do “60 Minutes”, da rede de TV CBS, fazendo a pergunta, que reverbera até hoje:
“500 mil crianças iraquianas foram mortas pelo bloqueio, mais do que as crianças que morreram em Hiroxima. Do ponto de vista dos Estados Unidos, valeu a pena?”.
O bloqueio, como se sabe, matou essas crianças de fome e falta de remédios, no país que era até o bloqueio um dos mais industrializados e mais desenvolvidos socialmente do Oriente Médio.
“Valeu”, confessa sem se alterar a criminosa de guerra (que ficou impune; faleceu no ano passado), após comentário – ou seria álibi? – de que fora uma decisão “muito difícil”.
“Eu acho que é uma decisão muito difícil, mas nós achamos que vale a pena pagar esse preço”.
No início do programa, o “60 Minutes” mostra crianças desnutridas em uma ala pediátrica de um hospital de Bagdá, inclusive um menino que morreu de pneumonia pouco depois da filmagem.
O pretexto para as sanções de Bill Clinton eram, já na época, as “armas de destruição em massa” de Saddam – como se sabe agora, inexistentes, e a apresentadora explica que eram as “mais duras e abrangentes dos tempos modernos”; “pouquíssimas coisas entram no país e praticamente nenhum petróleo sai”.
Segundo Noam Chomsky, o respeitado acadêmico norte-americano, se a jurisprudência de Nuremberg voltasse a valer, “nenhum presidente dos EUA” pós-Segunda Guerra “escaparia”.