A cantora norte-americana Madonna subiu ao palco no sábado à noite, durante a final do 64º Festival Eurovisão da Canção, em Tel Aviv, ao lado de dois dançarinos que exibiram, abraçados, bandeiras de Israel e da Palestina, lado a lado, para mais de 200 milhões de expectadores. Madonna disse que seu coração se parte “todas as vezes que ouve falar nas vidas inocentes que se perdem na região”.
Quando questionada pelos apresentadores do evento sobre qual a mensagem que gostaria de transmitir, a cantora ressaltou que “nunca devemos subestimar o poder da música para unir as pessoas”. E apontou “uma grande canção”, da sua autoria, “Music”, na qual canta “music makes the people come together” [a música faz as pessoas unirem-se, em português].
“Penso que a exibição foi um erro e inadequada”, contestou a ministra interina da Cultura de Israel, Miri Reguev, incomodada com a conclamação pacifista. Segundo Reguev, “não se pode ignorar que houve bandeiras palestinas no evento de um órgão público, com dinheiro público”.
Durante o anúncio dos resultados do festival, os membros do grupo islandês Hatari, conhecido por sua oposição à ocupação israelense dos territórios palestinos, também exibiu uma faixa com as cores da bandeira palestina e os dizeres “Free Palestine” (Palestina Livre), provocando vaias e alguns aplausos na plateia.
Antes do evento, o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) além de cantores, artistas e intelectuais palestinos haviam defendido um boicote ao festival, uma vez que “o regime israelense, de ocupação militar, colonialismo e ‘apartheid’, está usando descaradamente a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinos”.
Foram demonstrações de que mesmo com todo o esforço para aparentar “normalidade” em um país cujo regime violenta outro povo, rompendo com a Carta e uma série de resoluções da ONU, não tem como fazer seus crimes passarem em branco.
As reportagens sobre o evento registraram que a gravidade do conflito também influiu no pouco afluxo de turistas de países cujos artistas estavam concorrendo. Outro motivo foi o preço dos ingressos, que estava mais caro do que as passagens de avião até Israel.