Com uma inlação estimada em 1.000.000% para o corrente ano, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, na sexta-feira (17), que será criada uma nova moeda, a ser sustentada por um “novo” plano econômico. A moeda, que hoje se chama Bolívar Forte, passará a se chamar Bolívar Soberano e terá cinco zeros a menos. O Bolívar Soberano passou a circular nesta segunda (20).
Maduro, após anos sem direcionar investimentos para industrializar a Venezuela e fazê-la menos dependente da única fonte de divisas do país, o petróleo, agora insiste que a nova moeda e algumas medidas fiscais resolverão o problema do país.
O Bolívar Soberano, além de ter cinco zeros a menos, passará a ser lastreado na criptomoeda venezuelana, criada pelo próprio governo, o Petro. Porém, a criptomoeda, que surgiu como uma tentativa de driblar as sansões estadunidenses, é lastreada no valor do petróleo venezuelano. Mesmo sem ter sofrido grandes variações nos últimos tempos, o barril de petróleo venezuelano ainda se encontra sujeito à valorizações e desvalorizações futuras o que leva a uma aquisição muito reduzida dessas “moedas”.
Além disso, anuncia Maduro que o salário mínimo será “valorizado” em setembro. Atualmente, ele é o equivalente a 50 bolívares soberanos, mas passará a ser de 1.800 bolívares soberanos, 34 vezes mais, mesmo assim apenas cerca de 45 dólares. Isso, se a inflação que o governo não consegue estancar arrefeça agora, o que se mostra muito pouco provável.
O plano de Maduro também prevê uma maior taxação às grandes empresas e um aumento nos impostos de valor agregado, outra medida, sem que haja investimentos na produção, de efeito recessivo e, portanto, de difícil contribuição para tirar o país da crise.
Segundo Maduro, as medidas ajudarão a combater a “dolarização” dos preços venezuelanos. As alterações põem “como centro o trabalho, baseado na produção de bens e na remuneração do salário”, disse o presidente, sem ir muito além destes vagos pressupostos.
Enquanto isso, as levas de migrantes deixam o país flagelado pela depressão, hiperinflação e escassez de produtos básicos (a esse respeito leia matéria na página 4, sobre a tumultuada entristecedora chegada de venezuelanos através do Estado de Roraima desta edição intitulada Inoperância do governo federal causou crise na fronteira, diz OAB).
Por que a moeda venezuelana é tão instável?