Christine Assange, mãe do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, iniciou uma campanha de emergência nas redes sociais para salvar o filho das “terríveis circunstâncias” a que está submetido atualmente na Embaixada do Equador em Londres. Pressionado por Washington e Londres, o presidente Lenin Moreno ameaça expulsá-lo da Embaixada.
Através do movimento #Unity4J, milhares de apoiadores do jornalista, escritor e ciberativista australiano Julian Assange têm se mobilizado para colaborar ativamente com a sua libertação. No vídeo, Christine pede ao público, aos jornalistas e aos políticos que se “coloquem de pé” e se expressem a favor de Julian, para salvar sua vida e garantir sua liberdade.
Aos 47 anos, Assange não abandonou a pequena sede diplomática desde 2012 pela ameaça de ser deportado pelas autoridades britânicas aos Estados Unidos, cujo governo quer que seja julgado – e condenado à pena de morte – pela difusão, desde 2010, de numerosos documentos militares e diplomáticos de caráter confidencial.
A mãe advertiu que está muito preocupada com a saúde, os direitos e a segurança do filho, que se encontra isolado do mundo exterior, sem acesso à internet, a chamadas telefônicas, sem visitas de amigos ou simpatizantes de todos as vertentes políticas.
O movimento de solidariedade conclamou as pessoas para que realizem ações em frente à Embaixada do Equador, amplificando o seu apoio a Assange e a denúncia das condições desumanas a que vem sendo submetido. Aos que não puderem estar pessoalmente em frente à representação diplomática, Christine Assange pediu que redobrem as ações nas redes sociais, por meio das hashtags: # Unity4J y #ReconnectJulian.
A mãe de Assange expressou sua preocupação pelas declarações feitas recentemente pelo governo equatoriano sobre a possibilidade de acabar com a imunidade diplomática do filho, que poderá redundar numa possível extradição aos EUA. Ela lembrou que foi o ex-presidente do país sul-americano, Rafael Correa, quem ofereceu asilo político na embaixada do seu país em Londres.
No dia 26 de outubro, um dos advogados do fundador do WikiLeaks disse que Assange estaria disposto a se entregar à Justiça do Reino Unido caso se assegurasse que não seria extraditado.
O procurador geral do Equador, Íñigo Salvador, declarou inicialmente que Quito havia conseguido garantias por parte de Londres de que Assange não seria entregue a nenhum país caso deixasse a embaixada. No entanto, mal se passaram 72 horas, no dia 29, Assange disse que o governo equatoriano estava tentando pôr fim ao asilo.
A denúncia de Assange foi feita via teleconferência como parte de um processo iniciado por sua equipe legal, que confronta as regras criadas recentemente para que o asilo continue sendo mantido.
Conforme os 32 itens do “protocolo” imposto pelo governo de Lenin Moreno, Assange teria que ficar totalmente enquadrado, sob pena do “término do asilo”. Entre outros absurdos, é exigido “que os jornalistas, seus advogados e quem quiser ver Julian Assange forneça detalhes privados e políticos, como seus nomes de usuário nas redes sociais, números de série e códigos IMEI de seus celulares e tablets”. A embaixada pode ainda “confiscar a propriedade do senhor Assange e de seus visitantes e, sem ordem judicial, entregar às autoridades da Grã Bretanha”. Acesso à internet, só através da rede wifi da embaixada.
Principal defensor do jornalista, o ex-juiz espanhol Baltazar Garzón fez um pedido à Justiça do Equador para tornar sem efeito as 32 imposições do ‘protocolo’ contra Assange, que considerou um “documento atentatório que vulnera os seus direitos”. Para Garzón, trata-se de uma “situação arbitrária, que contém termos que são impróprios para uma situação de boa harmonia e asilo”. Absolutamente nenhuma das reivindicações para abrandar a situação de censura foram atendidas.