O gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) empregou a mãe e a esposa do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de ser o chefe do ‘Escritório do Crime’, grupo de assassinos de aluguel ligado à milícia e investigado pela morte da vereadora Marielle.
Conhecido como “Capitão Adriano”, o ex-PM foi um dos alvos da Operação “Os Intocáveis” realizada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira, que prendeu cinco milicianos. Adriano é considerado foragido.
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A mãe do ex-capitão, Raimunda Veras Magalhães, de 68 anos, era funcionária no gabinete de Flávio Bolsonaro durante parte de seu mandato como deputado estadual. Raimunda aparece na folha da Alerj com salário líquido de R$ 5.124,62.
De acordo com o jornal “O Globo”, a mãe do miliciano aparece nos quadros da Alerj desde o dia 2 de março de 2015, quando foi nomeada assessora da liderança do PP, ao qual Flávio Bolsonaro era filiado. Saiu em 31 de março do ano seguinte, quando o deputado migrou para o PSC. Em 29 de junho de 2016, foi lotada no gabinete de Flávio. Foi exonerada dia 13 de novembro do ano passado.
A mulher de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega também foi lotada no gabinete de Flávio na Alerj, com o mesmo salário da sogra. Ela é listada na Assembleia desde novembro de 2010 e foi exonerada junto com a sogra.
Segundo “O Globo”, Raimunda Magalhães aparece no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como uma das remetentes de depósitos para Fabrício Queiroz, ex-motorista de Flávio Bolsonaro e amigo pessoal de seu pai, o presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com o relatório, Raimunda depositou R$ 4,6 mil na conta do motorista de Flávio Bolsonaro.
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INDICAÇÕES DE QUEIROZ
Flávio Bolsonaro emitiu uma nota atribuindo a Fabrício Queiroz a contratação da mãe de Adriano Magalhães. “A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão”, disse o senador eleito.
“Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar”, afirmou Flavio Bolsonaro. “Continuo a ser vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro”, completou.
HOMENAGENS
Por indicação de Flávio Bolsonaro, Adriano Magalhães e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (preso nesta terça-feira), foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa.
O ex-capitão Adriano Magalhães recebeu duas honrarias. A primeira, uma moção, ocorreu em outubro de 2003, quando estava no 16º Batalhão da Policia Militar, em Olaria. Na época, o militar era primeiro-tenente. Em 2004, Adriano recebeu a medalha Tiradentes, a mais alta honraria do Legislativo fluminense, com grandes elogios à sua carreira.
Em março de 2004, foi a vez de Flávio Bolsonaro propor moção honrosa ao major Ronald Paulo Alves Pereira, então capitão. A moção de número 3.480 foi de louvor e congratulações pelos serviços prestados por Ronald, que na época estava no 22º BPM (Maré).
O major recebeu a homenagem menos de um ano depois de entrar na investigação como um dos autores da chacina de cinco jovens na antiga boate Via Show, em São João de Meriti, em 6 de dezembro de 2003. Quatro policiais já foram condenados pelos quatro homicídios dos jovens que foram sequestrados pelos agentes da casa de show. O único agente que ainda responde pelo crime é o oficial, que conseguiu postergar seu julgamento até hoje. O júri de Ronald está marcado para abril.
Sobre homenagens dadas aos policiais militares, Flavio Bolsonaro afirmou em sua nota divulgada nesta terça: “sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos”.
Deixou o amor ao ao País como o vô Trancredo Neves. Pare de envergonha-lo!