Respondendo a ameaças do governo de Maurício Macri, a Associação das Mães da Praça de Maio publicou recentemente um vídeo com parte do seu arquivo histórico, o maior em matéria de direitos humanos da América Latina. “É um triunfo da memória”, comemorou a entidade.
A publicação ganha ainda mais importância numa semana em que setores do judiciário ordenaram, sem qualquer aviso prévio, que se invadisse a sede da Associação em Buenos Aires. Supostamente a ação policial que ocorreu no dia 31 de janeiro, em pleno recesso judiciário na Argentina, era fazer um inventário dos bens conservados no local.
“Não é uma coleção de sobras ou acumulação de papéis, não é murmúrio de tolos, nem é negócio ou mercadoria”, afirmam as Mães, expondo os documentos, cartas, notas jornalísticas e fotografias que refletem 40 anos de luta. “Isto é o que o governo quer se apropriar. É uma ressonância que vai muito além do texto, são almas inatingíveis, suspiros, encontros”, sublinha a entidade.
De acordo com Hebe de Bonafini, dirigente da Associação, a perseguição é uma “uma manobra mais”, “uma jogada política” dos que “querem ficar com o arquivo”.
Entre os verdadeiros tesouros guardados pelas Mães se encontram os habeas corpus apresentados na defesa de seus filhos desaparecidos durante a ditadura (1976-1983), até condecorações e presentes recebidos ao longo da jornada. “A empatia da maternidade incompreensível, um rosto alheio, é o que incomoda. É o triunfo da memória e dos abraços terrenos e não tanto, é um eco de consciência, caminho e retorno de futuro, é amor, é vida”, sublinharam.
Frente à pressão do governo para retirar as idosas senhoras do centro da capital argentina, artistas populares começaram a multiplicar a pintura do pano branco, seu símbolo da luta pela verdade e a justiça. “Se querem tirar as Mães da Praça de Maio, elas vão ficar em todas!”, anunciaram