Benefício é a única fonte de renda para o sustento da maior parte das crianças
Mães de crianças com microcefalia realizaram protesto na capital de Pernambuco, Recife, na última quinta-feira (18), contra o corte do Benefício de Prestação Continuada (BPC) que recebiam do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Há três meses que 22 mães de crianças com estão sem receber BPC do INSS no valor de R$ 998, de acordo com a União de Mães de Anjos (UMA). O BPC foi suspenso sem nenhum tipo de irregularidade registrada ou comunicação às famílias.
Pernambuco foi um dos estados que mais sofreu com o surto de microcefalia em 2015, que em todo o país registrou cerca de três mil crianças que nasceram com a síndrome congênita causada pelo vírus da zika.
“É um absurdo termos que fazer barulho para reivindicar por algo que temos o direito de receber. É uma mistura de revolta e humilhação, mas não vamos nos calar”, falou a presidente da UMA, Germana Soares.
Segundo Germana, o benefício mensal era a única renda de boa parte das famílias e fundamental para arcar não apenas com os custos das consultas, exames e terapias dos pequenos, mas também da própria despesa de casa.
“O benefício nos ajuda com tudo, porque é nossa única renda. Desde que as crianças nasceram a gente não consegue mais trabalhar. É uma dedicação extrema. Devido à complexidade das crianças e das necessidades delas esse dinheiro é para absolutamente tudo. É o sustento da casa, pagando as contas de aluguel, água, luz e o sustento dos outros filhos. Esse dinheiro é a sobrevivência dessas mulheres, dessas mães”, afirmou Germana.
“No fim de junho, eu não recebi o BPC. Não avisaram nada e, quando eu fui sacar, não tinha dinheiro. Perguntei em um grupo de mães e vi que mais mulheres estavam com o mesmo problema”, afirma Germana Soares, presidente da UMA.
Quando questionam o motivo da suspensão do benefício, a resposta que muitas dessas mulheres recebem no INSS é que elas precisariam aguardar de 30 a 80 dias para voltar a receber o BPC. No entanto, os custos com leite, remédio e moradia continuam. “Como está a situação dessas mulheres? Elas estão vivendo de que? Tão comendo o que? Esse povo vai morar onde? Cadê o cuidado com essas crianças?”, questionou Germana.
Gleyse Kelly conta que tem sido um sufoco administrar o pouco dinheiro para garantir a alimentação e remédios da filha. A ajuda de parentes e amigos tem sido fundamental. “Enquanto isso as dívidas não esperam e vão se acumulando. Não podemos ficar sem ele porque essas crianças dependem de uma alimentação cara, medicamentos caros. Fazemos todo esforço possível para segurar o mês, mas é muito difícil a situação, pois tem mães que dependem só do benefício, que é o meu caso”, fala. Gleyse.
Outro exemplo é o de Ana Paula Costa, 25, que mora sozinha com o filho em uma casa alugada em Ipojuca, no Grande Recife. Ela afirma que foi surpreendida no dia 5 deste mês com a notícia da suspensão do BPC. “Depois que meu filho nasceu precisei deixar de trabalhar, pois tive que me dedicar exclusivamente a ele. Desde então, dependo totalmente desse salário mínimo para tudo: aluguel, alimentação, medicamentos. Tive que recorrer a uma amiga para suprir algumas coisas aqui em casa”, disse.
A UMA é uma organização não governamental que presta assistência a mais de 400 famílias. Foi criada em 2015 para buscar a inclusão de crianças com microcefalia na sociedade e arrecadar doações para as famílias. O dinheiro do benefício é usado para gastos com as crianças e com as despesas de casa.
O Ministério da Cidadania, que é responsável pelo benefício, informou por meio de nota que está apenas em contato com a União de Mães de Anjos e aguarda o envio dos dados das beneficiárias do BPC para verificar a situação dos cadastros.
Vcs tem que informar o certo para as pessoas o Beneficio (BPC ) ficou fora da reforma vai continuar do mesmo jeito. Vai no site da Camara e pesquise antes de soltar a noticia.
Seria bom você ler a matéria antes de comentá-la. A matéria não é sobre corte algum do BPC na reforma da Previdência. Quem cortou o BPC dessas crianças foi o INSS, agora submetido ao sr. Paulo Guedes. Lembre-se, leitor, a ignorância é a mãe dos vexames. Quanto à arrogância… bem, deixemos isso, por enquanto, pra lá.