A maestrina do Theatro Municipal de São Paulo Naomi Munakata morreu nesta quinta-feira (26) vítima do coronavírus aos 64 anos. Ela estava internada no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, havia alguns dias.
No Brasil, já foram registradas 77 mortes em decorrência do Covid-19.
O boletim médico informou que a maestrina deu entrada no hospital dia 16 de março com sintomas de insuficiência respiratória grave, sendo internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no mesmo dia.
De acordo com os médicos, Naomi apresentava comorbidades que resultaram na evolução desfavorável do quadro clínico dela.
“O Hospital Alemão Oswaldo Cruz lamenta o falecimento desta que foi um dos grandes nomes da música erudita brasileira. A direção, equipe médica e assistencial do hospital se solidarizam com os familiares e amigos neste momento de grande dor”, afirma o boletim do hospital.
“A família do Theatro Municipal está órfã. Perdemos no dia de hoje, aos 64 anos, a maestrina titular do Coral Paulistano Naomi Munakata. Os mais sinceros sentimentos aos amigos e familiares dessa grande artista que abrilhantou nosso palco nos últimos anos. Sentiremos sua falta Naomi”, lamentou uma publicação do Theatro Municipal de São Paulo no Facebook.
Naomi nasceu em Hiroshima, veio para o Brasil com dois anos de idade. Ela estudou instrumentos como piano, violino e arpa e se formou em composição e regência na Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo.
Naomi também foi regente do Coro da Osesp por duas décadas,e foi diretora e professora da Escola Municipal de Música de São Paulo, diretora artística e regente do Coral Jovem do Estado, regente-assistente do Coral Paulistano e professora na Faculdade Santa Marcelina e na FAAM.
“Com pesar, a Fundação Osesp recebe a notícia que Naomi Munakata, Regente Honorária do Coro da Osesp desde 2014 e que foi titular do grupo de 1995 a 2013, faleceu hoje por complicações em decorrência da Covid-19. Seremos eternamente gratos pela contribuição inestimável dada por Naomi à música coral brasileira e, especialmente, à nossa instituição. Que o tempo conforte os corações de todos nós, demais amigos e familiares”, diz o texto publicado pela fundação.
A morte da maestrina também foi lamentada pela diretoria do Theatro Municipal de São Paulo, através de uma publicação no Facebook.
“A família do Theatro Municipal está órfã. Perdemos no dia de hoje, aos 64 anos, a maestrina titular do Coral Paulistano Naomi Munakata. Os mais sinceros sentimentos aos amigos e familiares dessa grande artista que abrilhantou nosso palco nos últimos anos. Sentiremos sua falta Naomi”, disse.
Naomi Munakata iniciou os estudos musicais ao piano com apenas quatro anos de idade e começou a cantar aos sete, no coral regido por seu pai – Motoi Munakata. Estudou violino, harpa e formou-se em Composição e Regência em 1978 pela Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo, na classe de Roberto Schnorrenberg.
A vocação para a regência começou a ser trabalhada em 1973, com os maestros Eleazar de Carvalho, Hugh Ross, Sérgio Magnani e John Neschling. Anos depois, sua trajetória foi coroada com o prêmio de Melhor Regente Coral, concedido pela APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte.
A morte de Naomi Munakata foi lamentada também por vários críticos, autoridades e músicos de São Paulo.
O prefeito da capital paulista, Bruno Covas, destacou que a regente “era um orgulho para São Paulo”.
“Lamento profundamente a morte da maestrina Naomi Munakata, do Coral Paulistano Mário de Andrade, do Theatro Municipal de São Paulo. Uma das mais importantes regentes brasileiras, Naomi foi também regente titular do Coro da Osesp durante duas décadas, com reconhecimento internacional. Era um orgulho para a Prefeitura de São Paulo tê-la como colaboradora”, disse Bruno Covas.
O ex-secretário municipal de Cultura, Alexandre Youssef, também lamentou a morte de Naomi, e disse que “a música perde um talento extraordinário e todos nós perdemos uma querida colega e amiga”.
“Maestrina Naomi Munakata, uma das responsáveis pela excelência musical em São Paulo nas últimas décadas, faleceu hoje. Coronavírus. Senhores, quanto vale esta vida em percentual de desemprego ou do PIB?”, comentou o diretor e dramaturgo Aimar Labaki.
O falecimento também comentado pelo crítico de música erudita Irineu Franco Perpetuo: “Não há como aquilatar o tamanho dessa perda para a vida musical brasileira. Descanse em paz, querida Naomi!”, disse.
Martinho Lutero
Na noite de quarta-feira, dia 25, morreu em São Paulo, de parada cardíaca, o maestro Martinho Lutero, criador da Rede Cultural Luther King (1970), aos 66 anos. Lutero foi diretor artístico do Coral Paulistano entre 2013 e 2016. Lutero estava internado no hospital Leforte, no bairro da Liberdade, desde o último dia 17, com um quadro de gripe que se agravou para uma pneumonia. O primeiro teste para coronavírus havia dado negativo. A confirmação para a Covid-19 veio só no segundo exame, na véspera da sua morte.
A cerimônia de cremação foi na Vila Alpina. A família pediu aos amigos que permanecessem em casa e deixassem homenagens para futuro próximo, dada à gravidade da crise pela qual passamos e aos riscos de contaminação por coronavírus.
Martinho Lutero dedicou sua trajetória à música coral – acreditando que por meio dela era possível estabelecer diálogos entre culturas. O Coro Luther King foi criado em São Paulo em 1970 e recebeu prêmios como o da Associação Paulista de Críticos de Arte, tendo se apresentado em países como a Itália, Portugal, França, Alemanha, Cuba, Angola e Tunísia.
Lutero também desenvolvia trabalho na Itália, onde criou o coro Cantosospeso e era professor no Instituto di Musicologia di Milano e na Libera Università di Lingue e Comunicazione. Nos anos 1980, trabalhou na África, onde criou a Associação Cultural Tchova Xita Duma, em Maputo, Moçambique.
A Rede Cultural Cantosospeso, na Itália, da qual o Coro Cantosospeso faz parte, também lamentou a morte do maestro. “Nossa dor é imensa, mas procuramos consolação em sua paixão pela música.”