O Congresso peruano destituiu por unanimidade os sete conselheiros do Conselho Nacional da Magistratura (CNM) por envolvimento em um escândalo de corrupção. A votação ocorreu na sexta-feira (20). O CNM equivale ao Conselho Nacional de Justiça brasileiro, a quem compete a fiscalização do Judiciário.
O caso de corrupção foi revelado na semana passada, após o vazamento de escutas telefônicas, onde os conselheiros foram pegos cometendo crimes como tráfico de influência, suborno e prevaricação. A destituição do CNM foi debatida pelos congressistas peruanos durante duas horas, com base em um relatório da Comissão de Justiça recomendando a destituição, conforme o artigo 157 da Constituição do Peru.
Na quinta-feira, um dia antes da destituição, diversos protestos ocorreram por todo o país, a exemplo das cidades de Tacna, Arequipa, Puno e Cuzco, onde os manifestantes empunhavam vassouras afirmando que os poderes estão “infestados por ratos”. “O protesto é contra a corrupção evidenciada pelos últimos áudios diante da podridão de no sistema político e de Justiça”, disse o estudante universitário, Jorge Rodríguez, durante uma manifestação em Lima.
Embora o presidente do país, Martín Vizcarra, tenha defendido a medida afirmando ser necessário “investigar a relação entre os partidos políticos” e os diferentes “órgãos do sistema judicial”, ele nada falou sobre a renúncia do ministro da Justiça de seu governo, Salvador Heresi, que se afastou após o vazamento de um áudio no qual ele pedia suborno.
Poucos minutos antes da votação no legislativo, novos áudios do juiz César Hinostroza foram divulgados. Hinostroza, já suspenso de suas funções pelas autoridades do país, ficou conhecido pela decisão favorável a Keiko Fujimori durante investigações que a acusavam de lavagem de dinheiro. As denúncias contra o juiz indicam sua proximidade com a bancada fujimorista.