“Claro que o governo está trabalhando, oferecendo emendas e cargos para atrair votos para o candidato dele”, disse o presidente da Câmara
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o governo Bolsonaro tem estimulado os partidos a terem candidatura própria para a presidência da Câmara com o intuito de enfraquecer o indicado por Maia.
“O movimento das últimas horas, de uma tentativa de terceiro candidato, vem muito mais da tentativa do governo de tentar estimular, através das pessoas que têm simpatia pelo candidato do governo [Arthur Lira, do PP], a ter uma candidatura que não apoie um movimento mais amplo de independência da Casa”, afirmou Maia.
O atual presidente da Câmara disse que o governo Bolsonaro tem tentado, inclusive, influenciar partidos de esquerda a terem seus próprios candidatos, o que enfraquece o nome que Maia apontar.
“Se um partido de esquerda diz que não apoiará o candidato do governo, aí o movimento do candidato do governo qual é? É tentar estimular, dentro daquele partido, uma candidatura de esquerda. Então, quem estimula hoje uma candidatura de esquerda é o governo”, disse.
Ou seja, o movimento do governo Bolsonaro é tentar enfraquecer a candidatura apoiada por Rodrigo Maia para ter mais chances de conseguir eleger Arthur Lira (PP-AL).
Na avaliação de Rodrigo Maia, a maior parte da Câmara quer ser independente do governo Bolsonaro. “A impressão que eu tenho é que esse sentimento é majoritário”.
“Claro que o governo está trabalhando, oferecendo emendas e cargos para atrair votos para o candidato dele. Não está escondendo de ninguém isso porque o ministro [da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos] está recebendo no gabinete dele. O governo sempre tem força. Às vezes dá certo ou não”.
Para Maia, o governo Bolsonaro quer ter o comando da Câmara para conseguir impor suas pautas conservadoras e evitar debates sobre outros assuntos. “Ele não ter um debate mais intenso sobre meio ambiente, sobre armas, sobre minorias, na Câmara reduz o espaço de um debate nacional sobre costumes”.
Rodrigo Maia, que ainda não formalizou quem será seu candidato, está se reunindo com partidos de esquerda e de direita. “A gente pode estar na mesa, como estava ontem [terça], com vários partidos de pensamentos diferentes. Eu acho que é um exercício político que é bom para o Brasil”.
Ele se reuniu, na terça-feira (15), com lideranças do DEM, PSDB, MDB, Cidadania, PSL e PV, e presidentes de partidos e parlamentares do PDT, PSB, PCdoB, PT e PSOL.
“Nossa estratégia é sair com uma projeção de bloco que contenha mais do que os 257 deputados necessários para vencer o pleito”, disse o presidente da Câmara.