Maia: “não tínhamos que intervir nisso; não podemos dar qualquer pretexto para algo pior na Venezuela”

Presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Foto: Najara Araújo - Agência Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), afirmou que o fracasso da entrega da “ajuda humanitária” que o governo Bolsonaro tentou passar à população venezuelana “era previsível”.

“Era previsível. Todos sabem que o Nicolás Maduro, apesar de toda grave crise na Venezuela, ainda tem o controle do território, ele não iria permitir a entrada de uma ajuda articulada pelos Estados Unidos”, disse.

Maia, que declarou ter sido consultado pelo governo e foi contra a participação do país na ação montada pelos EUA, alertou que o Brasil não pode correr o risco de dar um “pretexto” para justificar uma operação mais extremada contra a Venezuela, como uma intervenção militar, como pretendem os Estados Unidos.

“Temos de tomar todo cuidado, não podemos dar qualquer pretexto para justificar algo pior, não tínhamos que intervir nisso”, afirmou o parlamentar.

De acordo com Maia, “a gente tem que tomar um certo cuidado para o Brasil não ser instrumento de outro país em um conflito que é grave, precisa de uma solução, mas que não deve ter intervenção do governo brasileiro”.

“Eu fui contra a participação do Brasil porque a gente sabia que, por trás dessa ajuda humanitária, havia um encaminhamento diferente por parte dos Estados Unidos. E está feito aí, com mortes, uma confusão na fronteira brasileira em Roraima. Um estado que já está sofrendo tanto, agora está com mais problemas, como a procura por hospitais”.

Segundo Rodrigo Maia, ele manifestou suas dúvidas sobre a viabilidade da operação em conversa com Jair Bolsonaro, colocando-se no mesmo lado de uma ala dos militares do governo que também não vê a participação do Brasil com bons olhos.

Um incidente mais grave, segundo militares, seria “desastroso” para o Brasil, que poderia ser acusado por Maduro de servir de instrumento dos Estados Unidos para justificar uma intervenção militar no país vizinho. +

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