O presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), condenou o ato do deputado Tadeu, do PSL de São Paulo, que destruiu, na terça-feira (19), uma ilustração da exposição sobre o Dia da Consciência Negra localizada entre o Anexo II e o Plenário da Câmara dos Deputados.
“Eu não falo baseado em pressão de ninguém, mas o que aconteceu em relação ao episódio envolvendo o deputado Tadeu é muito grave. Eu disse no meu discurso, em Nova York, falei sobre democracia, sobre tolerância, sobre preconceito. E, em uma democracia, em um país livre, não é porque divergimos da posição da outra pessoa, que devemos agredi-la verbalmente, fisicamente, ou retirar de forma violenta uma peça de uma exposição que foi autorizada pela presidência da Câmara”, disse Rodrigo Maia.
A imagem vandalizada pelo parlamentar denunciava o assassinato de negros no país.
“Hoje aconteceu com uma exposição em relação à Consciência Negra, amanhã pode acontecer com aqueles que riram, aqui, achando que estão defendendo o Coronel Tadeu. E não estão. Então, eu peço a compreensão de todos, porque hoje não é um dia que marca de forma positiva a nossa Casa. Muito pelo contrário. Esse é um dia em que deveríamos defender a inclusão e a igualdade de oportunidades. E não agredindo um cartaz que pode, inclusive, ser injusto com parte da polícia, mas devemos ouvir com diálogo, nunca com agressão”, continuou o presidente da Câmara.
“Então espero que um ato como esse, certamente impensado em um momento de mais nervosismo do deputado, que isso não repita porque isso não é bom para uma Casa que pensa em representar a todos os brasileiros e não a parte deles”.
O deputado que vandalizou a exposição, que também é coronel da PM, enviou ofício enviado ao presidente da Câmara pedindo para retirar o quadro, alegando que a imagem ataca os policiais militares como um todo, o que não é verdade.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) informou que vai entrar no conselho de ética com uma ação contra o deputado do PSL. Outros deputados da oposição acionaram a Polícia Legislativa.
Em entrevista ao UOL, o deputado do PSL admitiu o ato de vandalismo. “Eu quebrei, sim”, disse ele.
“Havia uma parte denunciando o genocídio contra a população negra. O deputado Coronel Tadeu passou e arrancou, quebrou parte da exposição, numa expressão clara de racismo. Uma agressão aos negros e às negras, mas também ao patrimônio da Câmara. Vamos fazer a denúncia no Depol, vamos fazer o registro no Conselho de Ética, pois além da quebra de decoro, ele cometeu um crime, que é o crime de racismo”, afirmou a líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ainda na terça-feira.
O cartunista Latuff, autor da ilustração, também condenou o episódio. “Essa agressão de um policial militar, que por acaso também é um parlamentar, contra uma charge exposta no Congresso Nacional e que denuncia a violência policial, nos leva a seguinte reflexão. Se fazem isso contra um cartaz, imagine contra gente de carne, osso e pele negra!”, publicou o artista.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) repudiou a atitude do Coronel Tadeu que sorria na mesa da Câmara dos Deputados. Orlando cobrou que ele saísse de lá.
“É inaceitável, desonroso para esta Casa que um deputado federal não tenha tolerância, não respeite a história dos negros no Brasil e não perceba o genocídio promovido pela sociedade contra a juventude negra e o pobre da periferia”, destaca Orlando Silva.
Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que o parlamentar que retirou a placa poderia ter representado contra o tema caso se considerasse ofendido, mas “demonstrou nas vísceras a intolerância e o racismo”.
Com informações do PCdoB na Câmara, UOL e Câmara dos Deputados
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