Presidente da Câmara diz que governo Bolsonaro continua sabotando a imunização da população brasileira
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que “a demora na compra da vacina é o maior erro político de Bolsonaro” e que “isso pode impactar o projeto de reeleição”.
“Esse é o tema que pode gerar o maior dano de imagem para o presidente. Faz voltar na memória das pessoas todos os erros do governo, desde o início da pandemia”, argumentou.
“Não é possível que daqui a pouco vai ter brasileiro viajando ao exterior para tomar a vacina, e a maior parte da população aqui sem vacina, com os leitos lotados, com a taxa de letalidade aumentando por falta de leitos. Precisa de uma solução imediata, que o governo recupere os meses perdidos”, aconselhou Maia.
“As pessoas vão tendo, as famílias vão pegando, perdendo seus parentes. E ao longo do tempo, as pessoas vão vendo que o presidente está errado. Está errado desde o início, quando ele disse era uma gripezinha”, continuou.
“Certamente, ele (Bolsonaro) tem pesquisa. E, se ele tem, está com essa mesma informação. As pessoas estão começando a entrar em pânico, em desespero. E aí ele isenta a importação de armas”.
“Precisa tratar sem paixão, sem ideologia, esquecer o conflito com o governador de São Paulo”, continuou.
Em entrevista ao Estadão, Maia relatou que “disse ao presidente que o Congresso e o governo deveriam construir um caminho sobre a questão da vacina”.
O governo Bolsonaro está sabotando os esforços para a vacinação do povo brasileiro, como aponta Maia. Na verdade, seus planos prevêem que no final do primeiro semestre de 2021, nem 25% da população estará imunizada.
Bolsonaro usou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tentar interromper as pesquisas da CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan.
Na última semana disse que iria editar uma Medida Provisória (MP) que permitiria o confisco das vacinas produzidas pelo Butantan. Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), essa proposta “demonstra doses de insanidade” e ataca o federalismo. Com a péssima repercussão dessa proposta, o Ministério da Saúde recuou e negou que esteja pensando em confiscar vacinas a pretexto de centralizá-las.
Alguns países, como a Rússia e o Reino Unido, já começaram a vacinar sua população. De acordo com Doria, a vacinação no estado de São Paulo começará no dia 25 de janeiro.