Pesquisa realizada pelo PoderData procurou saber a opinião dos brasileiros sobre as privatizações. Para maioria da população o governo federal não deve vender nenhuma das empresas estatais. São 53% os que afirmaram essa opção no questionário feito pelos entrevistadores.
Entre os demais entrevistados, 25% dizem que o certo é vender parte das companhias. A minoria de 16% se posicionaram a favor da venda de todas as estatais, os restantes 6% não souberam responder.
O levantamento ouviu 2.500 pessoas em 411 cidades das 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. O estudo foi feito pelo PoderData entre 13 e 15 setembro.
É impressionante que após anos de propaganda enganosa sobre os benefícios que as privatizações poderiam trazer para o país, a pesquisa traga esses posicionamentos. Podemos dizer que essa é uma Força que une a maioria dos brasileiros, incluindo a adesão possível daqueles que só puderam ter acesso, até agora, às informações pró-privatização.
Inclusive quanto à corrupção, utilizada de forma enviesada nos últimos anos, para achincalhar com as estatais, não conseguiu esconder que quem comandou essa triste página, para piorar, contra a Petrobrás, foram as empresas do cartel do bilhão que capitanearam os sinistros esquemas contra o patrimônio público.
A ação de partidos, sindicatos, associações e outras entidades pelo Brasil afora junto à Justiça tiveram grande importância para conter, postergar, minimizar danos e manter elevado o moral patriótico da bandeira contra as privatizações, concessões e outros “contrabandos” expedientes contra o que é nosso.
O resultado recentemente conquistado, após audiência pública realizada na Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados, e uma nota técnica do Ministério Público Federal, colaboraram com o adiamento da privatização da Dataprev e do Serpro, estratégicas para a administração estatal.
Imagine-se transferir os dados da administração, reunindo informações privilegiadas, facilmente manipuláveis para atender interesses de qualquer grupo privado, e mais temerário, para um grupo estrangeiro, ou ainda, de interesses escusos.
Ao contrário do caminho do resto do mundo, principalmente dos países mais desenvolvidos, como o Japão, que está criando uma estatal de tecnologia da informação para atender melhor à população do País.
Outro exemplo mais recente dessa intervenção do Judiciário em favor da população foi o adiamento da liquidação do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec) pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Na ação, o TCU deu 60 dias para o Ministério da Economia apresentar novos argumentos que justifiquem a extinção da estatal de chips.
A privatização na gestão Guedes e Bolsonaro tornou-se um escárnio sem fim. As privatizações que já tinham se mostrado incapazes de trazer o capital privado, especialmente estrangeiro, que alguns acreditaram serem capazes de emancipar a nação dos outros, ficou um embuste, uma arapuca no popular, onde os serviçais comandados por Guedes queimaram ativos como poucas vezes queimaram, preferencialmente de forma sorrateira, um modo operandi ardiloso.
Toda a destruição das instituições que Bolsonaro dia e noite se dedica a fazer, tem pelo lado da economia seu correspondente Guedes, aluno da escola de Chicago que assessorou Pinochet na ação nefasta de detonação do patrimônio do povo em favor dos interesses e agentes mais perniciosos. Guedes afirmou ainda ontem(2 7) que já teria pilhado R$ 240 bilhões e que a meta é privatizar tudo, que o plano é privatizar a Petrobrás e Banco do Brasil. O governo Bolsonaro é isso, a vontade da minoria contra a grande maioria do povo.
A propaganda que se mostrou enganosa é aquela que diz que as privatizações são o caminho para conseguir investimentos para retomar o crescimento da economia e que, ao invés disso, transferiu patrimônio público e particular, especialmente na indústria, exposta assimetricamente à concorrência estrangeira. Os capitais que assumiram esses ativos ficaram tirando dividendos, pouco ou nenhum investimento novo realizaram, assim como pouco investimentos de fornecedores parceiros. Um fiasco!
O Paulo Guedes, cuja a alcunha de ministro das privatarias se encaixa com perfeição, fez coisas que nunca ninguém fez.
BR DISTRIBUIDORA
A privatização da segunda maior empresa do país em faturamento, a mais lucrativa da holding que pertencia, como a maior participação de mercado (Market share), referência do segmento e com capacidade de impedir que a monopolização privada pudesse deitar e rolar na cartelização dos preços dos combustíveis, foi simplesmente torrada na venda das ações na Bolsa de valores. Pois foi assim com a BR Distribuidora. Incrível, ninguém conseguiu ficar tão distante da realidade e usar seu poder tão despoticamente.
Privatistas não alucinados, com algum pudor ou mesmo quem de boa fé embarcou nessa política, faziam licitação, leilão, audiências públicas, davam pelo menos alguma satisfação aos reais proprietários dessas empresas. Ricos, classe média, pobres, ao povo. Mas para a BR Distribuidora, não, foi ali no “paralelo”.
A Petrobrás S.A., orgulho nacional, a mais bem sucedida estatal do país, erguida sob a pressão do cartel das então chamadas sete irmãs do petróleo, ano após ano lucrativa, o maior orçamento de investimentos do país, líder mundial na exploração de águas profundas e dona da terceira maior reserva de petróleo, o Pré-Sal, com mais de 100 bilhões de barris de reservas estimadas, está indo pelo mesmo caminho.
Nos dias de hoje, a parte da propriedade da Petrobrás que detém a preferência, que dizer o direito de receber primeiro a distribuição de dividendos, já está, com as então chamadas ações preferências, 45,9% nas mãos de “investidores não brasileiros”. Não se sabe, inclusive, quanto nas mãos dos fundos abutres, todos ávidos em “morder” lucros, e que com a política entreguista de Guedes e Bolsonaro (aquele que bate continência para a bandeira dos U$A0), querem transformar a Petrobrás em uma máquina de fazer lucros, incluindo a dilapidação do patrimônio da empresa.
O quadro abaixo descreve a situação.
O quadro de composição das ações ordinárias, ou seja, aquelas que elegem os membros do Conselho de Administração da empresa, que indicam os diretores que fazem a gestão da companhia, demonstra, de forma mais evidente, o propósito da privatização. O Estado brasileiro têm 0,50%, o mínimo do mínimo, para dizer que ela ainda é do Estado brasileiro, e ficou assim com a venda indiscriminada de ações na bolsa. O privatismo de surdina de Guedes e Bolsonaro.
Nessa situação, os minoritários, que já não são tão minoritários assim, com quase 50% das ações ordinárias da empresa, emplacam conselheiros e diretores, de olho nas bonificações e passam a pressionar para as políticas que lhes interessam. Obter dividendos o quanto antes. É lógica dos aplicadores. O compromisso deles com a empresa é pouco ou nenhum. Aplicam seu dinheiro nesta ou naquela, de um dia por outro, simplesmente assim.
A limitação das ações judiciais e de movimentação social, com manifestações, greves entre outras, parecem como tudo nos dias de hoje, dias que valem por meses ou até mais, desembocar no leito da remoção do atual mandatário do para uma cela confortável no complexo penitenciário de Bangu.
A construção de uma frente política semelhante à construída na campanha das Diretas Já, na verdade daquela que se formou, um pouco mais adiante, para eleger Tancredo Neves no colégio eleitoral manietado pela ditadura, em 1985, é tarefa urgente para tirar a ameaça fascista do horizonte e abrir condições para que as privatizações possam ser avaliadas, objetivamente, pelos seus resultados.
J.AMARO