Em 2019, as aquisições de empresas brasileiras por estrangeiros cresceram 19%, na comparação com o ano anterior. Ao todo, de 2004 a 2019 foram desnacionalizadas 3.407 empresas. O resultado tem como base dados do relatório de fusões e aquisições da KPMG, descrito pela consultoria como “cross border 1” (cb1), “Empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil”.
A seguir, o número de empresas que foram desnacionalizadas ano a ano durante os governos Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro.
- 2019: 374 empresas
- 2018: 315 empresas
- 2017: 272 empresas
- 2016: 273 empresas
- 2015: 296 empresas
- 2014: 292 empresas
- 2013: 289 empresas
- 2012: 296 empresas
- 2011: 208 empresas
De 2004 a 2010, foram adquiridas pelo capital estrangeiro 792 empresas no governo Lula.
No geral, estes números são frutos de governos que consideram o investimento direto estrangeiro (ide) como benéfico para a economia.
Lula, quando presidente, fortaleceu-se politicamente fazendo campanha contra a política econômica de seus antecessores. Seu governo parou as privatizações, mas a economia continuou sendo desnacionalizada.
O governo Dilma colocou mais gasolina no processo de desnacionalização ao aplicar o tripé macroeconômico (metas de inflação, superávit fiscal primário e câmbio flutuante), cuja ópera resultou na privatização de áreas de infraestruturas, como aeroportos, estradas, mega campo de petróleo no pré-sal em Libra.
DESNACIONALIZAÇÃO E DESINDUSTRIALIZAÇÃO
“Ao manter o ‘tripé macroeconômico’, prosseguiu a política de valorização da moeda, ao lado das tarifas baixas de importação, e por isso o mercado interno seguiu sendo desnacionalizado. Com isso, prosseguiu o processo de desindustrialização e reprimarização da economia”, afirma o professor Nilson Araújo de Souza.
“A participação da indústria de transformação no PIB, que começara a cair na segunda metade dos anos 1980 e manteve essa tendência durante o governo FHC, teve uma ligeira melhora durante os dois primeiros anos do governo Lula para depois manter a tendência de queda: passou de 16,91% em 2003 para 14,96% em 2010. A indústria local fechava as portas porque não conseguia concorrer com produtos importados subsidiados por tarifas baixas e pela moeda valorizada”, analisa o professor.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre 2015 e 2018, encerraram suas atividades 25.376 unidades industriais.
Puxado pelas privatizações, o investimento estrangeiro no Brasil cresceu 26% em 2019, segundo dados do Monitor de Tendências de Investimentos Globais, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes estão privatizando a Petrobrás e prometem vender tudo o que puderem. Entre as privatizações mais comemoradas pelo capital estrangeiro está a Transportadora Associada de Gás (TAG) da Petrobrás para o grupo francês Engie e o fundo canadense Caisse.
Ademais, o governo Bolsonaro promete entregar aos estrangeiros a Eletrobrás, os Correios, a Casa da Moeda, e continuar a se desfazer de bens da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal para logo em seguida também defender a privatização de todo esse patrimônio.