“Cada vez mais o sistema financeiro está restritivo, com taxas de juros impagáveis, e dificuldade para tomar empréstimo para 40% das empresas”, afirma Joseph Couri, presidente da entidade
Com os juros altos freando o consumo no país, 53% dos pequenos negócios industriais não tinham capital de giro para fechar o mês no bimestre passado. É o que aponta um levantamento do Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo (Simpi), em parceria com a Datafolha, divulgado nesta segunda-feira (24) pela Folha de São Paulo.
O capital de giro consiste na diferença entre o dinheiro disponível e as despesas a pagar de uma empresa. De acordo com a sondagem, somente 8% dos micros e pequenos empresários Industriais tinham valores disponíveis a mais do que suficiente para manutenção dos seus negócios durante o mês.
“Hoje nós temos grandes problemas em capital de giro”, alertou o presidente do Simpi/SP e da ASSIMPI (Associação Nacional dos Simpi), Joseph Couri. “Cada vez mais o sistema financeiro está restritivo, com taxas de juros impagáveis, e dificuldade para tomar empréstimo para 40% das empresas”, denunciou.
A sondagem também revela que 14% dos pequenos negócios acabaram tendo que usar o cheque especial para sobreviver no bimestre de abril e maio, um período em que a taxa de inadimplência dos clientes de micro e pequena indústria apresentou um aumento de seis pontos percentuais.
A taxa de inadimplência subiu de 32% nos dois primeiros meses deste ano para 38% no bimestre passado. O percentual considera empresas que sofreram com a falta de pagamento por parte de seus clientes, que em grande parte são também pequenas indústrias.
“Se não tem dinheiro para fechar o mês, necessariamente a inadimplência vai aumentar, despesas vão deixar de ser pagas, e aí estamos num ciclo vicioso que precisa ser interrompido”, completou.
Com uma taxa de juros reais (descontada a inflação futura da taxa Selic do BC) próximas dos 7% ao ano, o Brasil é o segundo pagador de juros reais do planeta, segundo a consultoria financeira MoneYou.
A taxa de juros real no Brasil está neste nível de agiotagem por responsabilidade do Banco Central (BC), que apesar do baixo nível de inflação que vivemos, decidiu na semana passada manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 10,5% ao ano, agravando ainda mais a restrição ao crédito e ao consumo de bens e serviços no país.