O ciclone extratropical que atingiu o estado de São Paulo nesta quarta-feira (10) com ventos que superaram os 98 km/h na capital, causando um rastro de destruição, interrupção de serviços e transtornos em grande escala. A ventania já deixou mais de 2,2 milhões de imóveis sem energia elétrica somente na região da concessionária Enel, sendo 1,4 milhão na capital.
A Defesa Civil registrou rajadas máximas de 98 km/h por volta das 8h. A força dos ventos transformou ruas em cenários de caos: o Corpo de Bombeiros da capital recebeu 514 chamados para quedas de árvores até o meio-dia, além de cinco relacionados a enchentes. Árvores de grande porte caíram em vias importantes como a rua Cincinato Braga, na Bela Vista, e nas proximidades da estação Praça da Árvore do Metrô, na zona sul. O Parque da Água Branca, na zona oeste, teve áreas interditadas.
O fornecimento de energia foi o serviço mais afetado. Por volta das 14h45, a Enel contabilizava 2,2 milhões de unidades consumidoras sem luz na Grande São Paulo, número que representa mais de um terço de sua área de concessão. Bairros como Pinheiros, Sumaré, a região da avenida Berrini e a Mooca estavam entre os afetados. Dezenas de semáforos ficaram desligados, complicando o trânsito.
A situação é ainda mais crítica em municípios da região metropolitana: Pirapora do Bom Jesus tinha 83,3% de seus clientes no escuro, enquanto Juquitiba e Vargem Grande ultrapassavam 50%. A Enel mobilizou 1.300 equipes para os reparos, mas o diretor de operações, Márcio Jardim, alertou que os desligamentos devem continuar até o fim do dia devido aos ventos, que causam curtos-circuitos e danos em postes ao arremessar galhos e outros objetos na rede.
Os impactos chegaram a serviços essenciais. Dois ambulatórios do Hospital São Paulo, na Vila Clementino, ficaram sem energia, resultando no reagendamento de consultas. O aeroporto de Congonhas, que registrou rajadas de 96,3 km/h, operava, mas teve dez voos desviados, três chegadas e duas partidas canceladas por decisão das companhias aéreas.
A ventania sucedeu o forte temporal de terça-feira (9), que causou estragos no interior. Sorocaba foi uma das mais castigadas, com 94 mm de chuva em 24 horas. O rio Sorocaba transbordou, alagando avenidas e submergindo carros. Cidades como Guareí, Marília, Alumínio, Bauru, Matão e Cesário Lange também registraram alagamentos, deslizamentos e quedas de árvores.
A Marinha emitiu alerta de ventania e ressaca para o litoral entre Santa Catarina e o norte de São Paulo, com ondas de até 3,5 metros previstas até a noite desta quarta.
A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística determinou o fechamento temporário de 12 parques estaduais na capital e região metropolitana. A regra prevê fechamento com ventos acima de 40 km/h. A prefeitura da capital também suspendeu todos os eventos de Natal programados para o dia. O Parque da Ciência do Instituto Butantan igualmente foi fechado.
