
Na última quarta-feira (2) ao menos 35 ônibus públicos foram depredados na cidade de São Paulo. Desde o dia 12 de junho, mais de 350 veículos foram alvos dos ataques na capital, Região Metropolitana e Baixada Santista. Até agora, a Polícia de Tarcísio não prendeu nenhum dos envolvidos nos ataques e o governo estadual não consegue apontar a motivação dos crimes.
Levantamento realizado pelo portal “Diário dos Transportes”, divulgado na última terça-feira (01), apontou que o número de ataques ao transporte coletivo já se aproximava de 350, somando os dados divulgados pela SPTrans, na capital paulista, e os números da Artesp, que centralizou a depredação ao ônibus metropolitanos nas cidades da Grande São Paulo e na Baixada Santista.
Somente a capital registrou mais de 235 ônibus vandalizados desde junho, atacando com pedras e quebrando os vidros dos veículos.
Em um dos casos mais graves, que aconteceu na Zona Sul da capital, uma
passageira foi atingida no rosto e sofreu uma fratura no nariz. Nessa última madrugada de quinta (3), uma fila de ônibus atacados foi registrada no 47° Distrito Policial do Capão Redondo, onde uma onda de ataques também ocorreu.
Até agora, nem o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) nem a Polícia Militar emitiram notas ou anunciaram providências concretas para entender e acabar com os ataques. A PM de SP resume as comunicações a afirmar que “os casos seguem em investigação”.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transporte (SMT) e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e disseram que “seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações”.
“Do dia 12 de junho até 2 de julho, as empresas operadoras relataram que 235 ônibus do sistema municipal foram depredados. A SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais”, declarou.
“Cabe ressaltar que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada”, afirmou a nota.
HIPÓTESES
Um relatório preliminar da Polícia Civil aponta quais as linhas de investigação e os locais com mais ataques. Os investigadores apuram se os crimes estão ligados à instalação de câmeras nos veículos ou a uma possível retaliação de grupos criminosos.
Uma das suspeitas é a de que grupos criminosos estariam agindo em retaliação por acreditarem que os equipamentos são usados para reconhecimento facial. No entanto, segundo o gerente operacional de uma das empresas, eles não têm essa capacidade.
Outra linha de investigação apura uma possível represália de criminosos ligados a uma empresa que perdeu o contrato para operar linhas na Zona Sul por supostas conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A Delegacia de Crimes Organizados (Deic) foi acionada para investigar o caso. A polícia também apura se os ataques estão sendo incentivados por grupos em redes sociais.
VÍTIMAS DA INTERNET
O vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), afirmou que há uma grande possibilidade de os ataques a transportes coletivos registrados neste fim de semana na Baixada Santista estarem relacionados a um desafio disseminado pela internet.
Ramuth informou, durante participação no Jornal Tribuna da TV Globo, que apurou o caso dos ataques junto ao diretor do Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-6), Flávio Ruiz Gastaldi. Segundo ele, portanto, os atos de vandalismo não teriam ligação com ações criminosas organizadas.
“Existe uma grande possibilidade de ter sido fruto de algum desafio de internet”, afirmou o vice-governador. “Não tem uma relação direta com qualquer outro tipo de ocorrência da capital.”
Ainda de acordo com Ramuth, não há indícios de que os ataques tenham ocorrido como tentativa de assalto ou represália. “Nada disso estava associado a algum tipo de crime contra ou a uma parada do ônibus para um assalto aos passageiros”.